MPF pede condenação de dono da cervejaria Petrópolis por corrupção
O MPF (Ministério Público Federal) pediu hoje a condenação dos empresários Walter Faria, dono da cervejaria Petrópolis, e Vanuê Faria, dono da Império, por envolvimento em esquema de corrupção no âmbito da operação Lava Jato.
Walter é um dos homens mais ricos do Brasil com patrimônio estimado em US$ 2,8 bilhões (R$ 11,5 bilhões) pela revista Forbes.
Os empresários são acusados de 12 crimes de lavagem de dinheiro, após recebimento, entre 2006 e 2007, de US$ 3,69 milhões (cerca de R$ 15,14 milhões) em contas secretas mantidas na Suíça.
Em suas alegações finais, o MPF aponta que Walter e Vanuê Faria praticaram o crime de lavagem de dinheiro de forma profissional e reiterada, "mediante complexos expedientes, utilizando contas registradas em nome de empresas offshores mantidas no exterior".
O órgão ainda pede a fixação de pena no regime fechado. "Requer ainda o perdimento do produto e proveito dos crimes no montante de US$ 3.686.869,21, correspondentes ao valor lavado."
A denúncia é um desdobramento de crimes já apurados em outras ações penais, nas quais foram condenados os ex-executivos da Petrobras Nestor Cerveró, Julio Camargo, Fernando Soares, os ex-funcionários da estatal Luis Carlos Moreira da Silva e Demargo Epifânio, além dos operadores Jorge Luz e Bruno Luz.
A contratação da construção do navio-sonda Petrobras 10.000 pelo estaleiro coreano Samsung ocorreu ao custo de US$ 586 milhões (R$ 2,4 bilhões) entre 2006 e 2008. Segundo o MPF, na ocasião, Jorge e Bruno Luz atuaram junto a Fernando Soares e Julio Camargo, e ao ex-diretor Nestor Cerveró para operacionalização do pagamento de propina de US$ 15 milhões.
A nova denúncia, contra Walter Faria e Vanuê Faria, está centrada em etapa da lavagem de dinheiro transnacional decorrente da corrupção nessa contratação. Documentos bancários obtidos na investigação apontam para o recebimento de recursos milionários, sem causa econômica legítima, em contas no exterior controladas e movimentadas pelos acusados.
Segundo o MPF, os empresários ocultaram e dissimularam a natureza, origem, localização e propriedade de US$ 3,9 milhões, valor pago a título de propina para agentes políticos que sustentavam Nestor Cerveró no cargo de Diretor Internacional da Petrobras. Em troca, Walter e Vanuê recebiam vantagem indevida em contratos com a estatal.
Para oferecer a denúncia, os procuradores utilizaram de provas colhidas durante a investigação, depoimentos e documentos obtidos com colaboração premiada, quebras de sigilo bancário e fiscal, relatório de Comissão Interna de Apuração da Petrobras e rastreamento de contas ocultas no exterior, que foram obtidas mediante cooperação jurídica internacional.
Procurado pelo UOL, a assessoria de imprensa do Grupo Petrópolis afirmou que a defesa do empresário vai se pronunciar apenas nos autos.
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