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Demora da vacina é maior erro político de Bolsonaro, diz Maia

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia - Adriano Machado
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia Imagem: Adriano Machado

Do UOL, em São Paulo

12/12/2020 09h30

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) avalia que o maior erro político cometido pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) foi não se preparar para ter uma vacina contra o coronavírus.

"A demora na compra da vacina é o maior erro político de Bolsonaro. Esse é o tema que pode gerar o maior dano de imagem para o presidente", disse Maia em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

O parlamentar afirmou, ainda, que esse é um ponto que "pode impactar o projeto de reeleição" do presidente, que já mostrou ter intenção de disputar a corrida eleitoral em 2022. "Faz voltar na memória das pessoas todos os erros do governo, desde o início da pandemia", disse.

O presidente da Câmara dos Deputados também criticou a politização em torno da vacina. Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), têm trocado críticas e acusações nos últimos meses.

O governador tem apostado na CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e já anunciou que irá dar início a uma campanha estadual de imunização em janeiro —mesmo sem existir, até o momento, a liberação por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Bolsonaro, por sua vez, afirmou que disponibilizará vacinas, de forma gratuita e voluntária, mas sem usá-la de olho em "projetos pessoais e de poder".

Para Maia, "as pessoas estão começando a entrar em pânico, em desespero". "E aí ele [Bolsonaro] isenta a importação de armas. Precisa tratar sem paixão, sem ideologia, esquecer o conflito com o governador de São Paulo", disse.

Saída da presidência da Câmara

Perto de encerrar seu mandato como presidente da Câmara dos Deputados, Maia deixa sem analisar mais de 40 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o deputado avaliou que o impeachment "é um julgamento político", e não um "julgamento jurídico".

"Ele não pode ser um instrumento para estar na gaveta e ser utilizado em cada conflito do presidente da Câmara com o presidente do governo", disse.

Maia afirmou ainda que o governo está criando uma espécie de "balcão" de negócios para eleger o seu sucessor. Líder do centrão, o deputado Arthur Lira (PP-AL) se tornou o candidato de Bolsonaro para a presidência da Câmara.

"Do ponto de vista do governo, dá impressão que eles acham que, criando um balcão, vão conseguir eleger o presidente da Câmara. Se essas práticas prevalecerem - e tenho certeza que não vão prevalecer -, você terá um governo pressionado e chantageado de forma permanente, por trocas", disse.

Mesmo assim, Maia avaliou que uma eventual vitória do candidato de Bolsonaro o "recoloca no processo político".

"A principal derrota dele, pra mim, foi a ruptura dessa rede populista nacionalista internacional com a derrota do Trump. Depois, a sinalização, das eleições municipais. E agora tem eleição da Câmara", afirmou.

"O resultado vai ter um simbolismo, porque ele está inferindo mais do que a presidente Dilma Rousseff quando tentou eleger o deputado Arlindo [Chinaglia, do PT] contra o deputado Eduardo Cunha [em 2015]".