Em posse no Rio, Paes prega união e cita "herança perversa" de Crivella

Ao tomar posse hoje como prefeito da cidade de Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM) pregou união afirmando que fará um governo "para todos os cariocas" e citou uma "herança perversa" deixada por Marcelo Crivella (Republicanos), atualmente em prisão domiciliar. Uma das primeiras ações de Paes hoje por meio de decretos no Diário Oficial do Rio foi abrir quatro investigações contra a gestão de seu antecessor.

"Nunca na história da cidade do Rio de Janeiro um prefeito recebeu de seu antecessor uma herança tão perversa. Servidores esperando pagamentos que não vêm, 15 folhas de salários para o próximo ano e um desafio fiscal colossal que alcança a marca de R$ 10 bilhões. Esse é o cenário desastroso das finanças da Prefeitura, mas não desastroso o suficiente para nos abater", declarou Paes.

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Embora tenha criticado o legado de Crivella, Paes afirmou que não ficará "olhando para trás e reclamando de herança maldita". "Queremos enfrentar os problemas e não perder nosso rumo com eles."

Ele também falou que dará "absoluta prioridade" ao combate à corrupção em sua gestão e tem como objetivo transformar o Rio em um "paradigma nas formas de fazer política, gerir a coisa pública, referência nacional em transparência, integridade e combate à corrupção".

"Outro ponto importante...o combate à corrupção e aos desvios também será foco de absoluta prioridade em nosso governo. Para isso estamos criando a Secretaria de Governo e Integridade Pública. No Diário Oficial de hoje criamos o Rio Integridade. A transformação pela qual a população carioca anseia passa necessariamente por uma mudança radical nas práticas da administração pública, assim como na relação e no trato com a coisa pública justamente para que a administração e suas esferas de atuação cumpram seu verdadeiro objetivo", afirmou.

Paes informou que o programa Rio Integridade tem como melhorar a governança com práticas de integridade pública por meio de plataforma de propostas de reformas legislativa, administrativa e institucional. O desejo é que se busque combater as "causas sistêmicas da corrupção e de oferecer soluções permanentes para o seu enfrentamento a longo prazo".

Paes diz que "cidade exige pressa"

Segundo Paes, a cidade "exige de nós pressa" e citou um conjunto de medidas publicadas hoje no Diário Oficial por meio de cerca de 70 decretos visando a recuperação econômica e dos sistemas de transporte, saúde e educação. Ele citou ainda a necessidade de revitalização do centro da cidade.

No próximo domingo, seu governo anunciará uma série de medidas para combater a covid-19. Decretos de hoje pretendem abrir neste mês 343 novos leitos para o tratamento de pacientes com a doença e cria comitê de especialistas sobre a pandemia. Paes citou ainda a criação de centro de operações de emergências COE-covid-19, que funciona no Centro de Operações Rio, e de sistema de estágios de risco por região administrativa.

Paes disse que haverá o cumprimento rigoroso das regras fiscais, em especial da Lei de Responsabilidade Fiscal, que permitirá ao Rio reduzir o déficit e melhorar a prestação dos serviços públicos.

Ele falou também que o governo vai reconquistar uma melhor classificação de risco por agências internacionais e recuperar o grau de investimento de 2016, último ano de seu mandato à frente da Prefeitura até então.

O novo prefeito afirmou que o governo municipal passará a contar com uma secretaria voltada ao desenvolvimento econômico, à inovação e à simplificação de processos e uma secretaria voltada à juventude e ação comunitária. Ele disse ter montado equipe de secretários jovens e "com caras novas" e que fará um governo antirracista.

No discurso, Paes disse saber que se uniram a ele no segundo turno das eleições de 2020 forças políticas que "acima de tudo" queriam mudanças para a cidade e que sua vitória mostrou ser possível estabelecer consensos mínimos quando o interesse da sociedade é "colocada em risco".

Ao final de sua fala, Eduardo Paes citou versos do samba Conselho, de Adilson Bispo e Zé Roberto. "Deixe de lado esse baixo astral/Erga a cabeça, enfrente o mal/Que agindo assim será vital/Para o seu coração", diz trecho.

Vereadores também tomaram posse

A posse aconteceu na Câmara Municipal do Rio. A solenidade também contou com a posse dos 51 vereadores eleitos, entre eles Carlos Bolsonaro (Republicanos), e eleição de integrantes da Mesa Diretora da Casa. Nem todos optaram por comparecer à Câmara presencialmente devido à pandemia da covid-19.

O vereador Carlo Caiado (DEM), eleito presidente da Câmara Municipal, afirmou que as eventuais divergências com Paes não serão motivo para atrapalhar o desenvolvimento da cidade do Rio.

Marcelo Crivella está em prisão domiciliar após ação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio sobre suposto esquema de corrupção. Crivella tentou se reeleger, foi ao segundo turno nas eleições do ano passado contra Paes e perdeu.

O presidente do Tribunal de Contas do Município do Rio, Thiers Montebello, elogiou gestões passadas de Paes e ressaltou a importância da independência do Legislativo, além da isenção do tribunal.

"Teremos uma Prefeitura que vai fazer com que a cidade e seus munícipes sorriam. Seguramente, é uma máquina compulsiva de trabalho o prefeito Eduardo Paes", falou.