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Prefeito pede desculpas após dizer que empresa é gananciosa 'igual judeu'

Marcelino Borba (PV), prefeito de Rio das Ostras, na cerimônia de posse; chefe do executivo local pede desculpas após ofensa ao povo judeu no discurso - Divulgação
Marcelino Borba (PV), prefeito de Rio das Ostras, na cerimônia de posse; chefe do executivo local pede desculpas após ofensa ao povo judeu no discurso Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

11/01/2021 17h06

O prefeito de Rio das Ostras (RJ), Marcelino Borba (PV) se desculpou após a Polícia Civil abrir investigação de injúria por uma fala proferida em seu discurso de posse, onde disse que judeus só pensam em dinheiro e são gananciosos.

"Fiz uma comparação infeliz citando o povo judeu, na empolgação de um discurso improvisado", explica Borba em nota enviada ao UOL. "Como bem meus colegas de partido sabem, não costumo preparar discursos, sou um homem simples, que prefere falar de improviso no calor da emoção. Por isso, ao criticar a empresa de energia elétrica, que vem causando vários prejuízos ao nosso município, recorri a uma expressão, de moto metafórico, que infelizmente atingiu o povo judeu", continua.

"Por isso apresento aqui minhas desculpas públicas aos nossos irmãos judeus, que há séculos são prejudicados e guardam na sua história a tristeza de milhões de vidas perdidas. Infelizmente utilizei as palavras erradas ao me expressar naquele momento", conclui.

Ao criticar os serviços da Enel, empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica na região, Borba faz uma comparação onde cita a ganancia da prestadora de serviços equiparando com o povo judeu.

"Eles ficaram um mês para substituir um poste. E não trabalham de graça, não. São iguais judeus. Trocamos lá na Cidade Praiana uns 12 postes de madeira. Precisava do poste de madeira. 'Não, agora tem que vender. É R$ 450'. São pior do que judeu, assim! Os caras não liberam nada. Tudo para eles, querem dinheiro. É uma covardia com a gente", discursou o prefeito.

O crime tem pena prevista de dois a cinco anos de reclusão. A Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) informou que agora o caso está sendo encaminhado para a Ciaf (Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro de Atribuição Originária) da Polícia Civil, já que Marcelino Borba tem foro pelo cargo que exerce.

Por meio de nota, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) disse que vai avaliar "possíveis medidas legais" e repudiou a fala do prefeito. A Conib afirmou ainda que a fala de Marcelino Borba "reflete preconceito abjeto usado ao longo dos séculos para perseguir judeus. E se torna mais grave ainda quando proferida por uma autoridade".

A Enel informou que "a relação entre a empresa e todos os seus clientes, incluindo o poder público nos municípios em que atua, é pautada pela transparência e pelo respeito" e que "lamenta a declaração mostrada no vídeo e repudia qualquer comentário ofensivo e discriminatório".