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"Saí de casa fugida", diz Carolina Iara, covereadora vítima de atentado

A covereadora de São Paulo Carolina Iara, da Bancada Feminista do PSOL - Divulgação/PSOL
A covereadora de São Paulo Carolina Iara, da Bancada Feminista do PSOL Imagem: Divulgação/PSOL

Marcelo Oliveira

Do UOL, em São Paulo

27/01/2021 20h38Atualizada em 28/01/2021 07h20

A 1ª Delegacia de Proteção à Pessoa do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) registrou o caso da covereadora Carolina Iara, 28, cuja casa foi alvo de um atentado a tiros na madrugada de hoje.

Segundo registrado pela Polícia Civil, a covereadora foi acordada na madrugada de terça-feira por sua mãe, Maria Adalgisa, que ouviu o barulho de dois tiros. O caso foi registrado como "disparo de arma de fogo" e "dano" e a perícia foi pedida imediatamente.

Achei, a princípio que não tinha nada a ver com a minha casa e voltamos a dormir."
Carolina Iara

Ela, a mãe e o irmão verificaram que não havia ninguém ferido e resolveram descansar até a manhã seguinte, quando procuraram marcas na casa, localizando uma na parede externa da sala e outra no muro da casa.

Segundo registrado pela Polícia Civil, ao procurarem informações sobre o ocorrido com os vizinhos, outros moradores da rua disseram que também ouviram disparos e conseguiram a imagem da câmera de segurança de um vizinho.

Nesse momento eu já tive que sair de casa. Eu acho que sair de casa fugida vai ser um trauma que eu vou levar pro resto da minha vida."
Carolina Iara

Marca de tiro na casa da covereadora do PSOL Carolina Iara, alvo de atentado nesta madrugada - Marcelo Oliveira/UOL - Marcelo Oliveira/UOL
Marca de tiro na casa da covereadora do PSOL Carolina Iara, alvo de atentado nesta madrugada
Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

As imagens registradas pela câmera mostram que entre 2h07 e 2h11, um veículo — aparentemente, um Palio branco — estaciona em frente à casa. Alguém desce e volta rapidamente para o carro.

Nesse vídeo não é possível ver claramente o autor, nem a placa do veículo, registrou o DHPP, conforme o relato da covereadora.

A vereadora informou que não suspeita quem possa ser o autor do atentado, mas nega ter inimigos, mas que por ser vereadora procurou o DHPP para que seja investigado se houve atentado e qual a motivação.

O DHPP solicitou a perícia na casa da covereadora e uma equipe saiu para lá por volta das 17h30. Desde o atentado, o local foi preservado pelo advogado de Carolina e ela mudou-se de casa preventivamente.

Carolina é uma pessoa intersexo (que tem características físicas e genéticas dos dois sexos) e se identifica como travesti. Ela milita na causa transexual há 12 anos, mas ganhou visibilidade com a eleição do mandato coletivo do PSOL.

Em entrevista, a vereadora afirmou que recebeu muitos ataques de haters nas redes sociais após a eleição em virtude de suas posições políticas. Ela também sofreu assédio sexual, recebendo nudes não solicitados em suas caixas de mensagem.