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Doria se diz 'amargamente arrependido' pelo 'bolsodoria' nas eleições 2018

Ana Carla Bermúdez, Andréia Martins, Carolina Alberti e Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

02/02/2021 12h06Atualizada em 02/02/2021 14h02

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), se diz "amargamente arrependido" pelo apoio dado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições presidenciais de 2018. Na época, foi cunhado o termo "bolsodoria", por eleitores de ambos os políticos.

"Amargamente arrependido. Não tenho compromisso com o erro. Foi um enorme erro, meu e de milhares de brasileiros. Nós temos um governo que de liberal só tem o discurso. É uma tristeza para o Brasil. Foi o governo da 'rachadinha', e que protege os seus filhos. 'Rachadinha' é crime", afirmou, citando a investigação sobre o filho mais velho do presidente, Flávio Bolsonaro, em um esquema de devolução ilegal de salários na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Doria evitou confirmar que será candidato em 2022, dizendo que só vai "tratar de 2022 em 2022". Sobre o convite do PSDB para que o apresentador Luciano Huck se filie ao partido como um nome para a próxima eleição, disse "desconhecer esse convite".

Em seu segundo cargo na política — antes de ser governador cumpriu pouco menos de meio mandato como prefeito de São Paulo —, Doria diz que se vê "mais experiente".

"A cabeça não é a mesma, mas mantenho a minha cabeça liberal. Sou mais experiente. É isso. Experiência pública conta muito. Só não ensina para quem não tem humildade. E experiência é fundamental. Veja a experiência de Jair Bolsonaro, que nunca administrou nada. Nem o condomínio dele ele é capaz de administrar", completou.

Eleição de Lira é lamentável, diz governador

Doria também classificou a vitória de Arthur Lira (PP-AL), que foi eleito presidente da Câmara dos Deputados na noite de ontem, como um episódio "lamentável" para o Brasil. Aliado do presidente Jair Bolsonaro, Lira foi eleito com 302 votos, mais do que o dobro recebido por seu principal adversário, Baleia Rossi (MDB-SP).

O governo Bolsonaro fez forte campanha nos bastidores para garantir a eleição de Lira, que envolveu a promessa de emendas e de cargos em troca de votos. Para Doria, a "compra de votos venceu a eleição". "É lamentável para o Brasil ter compra de votos. Eu lamento a vitória de Arthur Lira, porque não representa a vitória da democracia", disse.

O governador afirmou ainda que o chamado Centrão, grupo que reúne diversos partidos de centro-direita —entre eles o de Lira— vai "cobrar" a conta do governo Bolsonaro e que o Brasil vai "sofrer" com Lira na presidência da Câmara.

Doria: Estado de São Paulo terá população vacinada até o fim do ano

Segundo o governador, a população do estado de São Paulo será vacinada até o fim de 2021. "Até o final do ano, sim. Vamos seguir o plano nacional de imunização. E onde o plano nacional não atuar, o plano estadual vai", afirmou Doria.

São Paulo está imunizando a população com doses da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e produzida pelo Instituto Butantan, e também com a vacina de Oxford/AstraZeneca. O estado recebeu mais de 500 mil doses do imunizante desenvolvido pela universidade britânica.

Vacinas no SUS x clínicas particulares

Para o governador de São Paulo, a prioridade no recebimento das vacinas contra a covid-19 deve ser do SUS (Sistema Único de Saúde), e não das clínicas particulares.

"Prioridade é o SUS. Nós temos que vacinar todos os brasileiros, e gratuitamente. As clínicas particulares só deveriam ter vacina após o SUS", disse. Doria afirmou, ainda, que "privilegiar os ricos não é correto".

Um dos primeiros governadores a decretar quarentena, em março de 2020, Doria declarou que recebe "ameaças" desde então. Disse, no entanto, que não tem medo.

"Mortos não consomem, não vão a restaurantes, não fazem compras. Nós precisamos preservar a vida. Ao invés de [Bolsonaro] orientar corretamente a população, é negacionista. Você não pode ser um agente homicida. Não tenho medo de intimidação, cara feia e ameaças. Recebo ameaças desde que decretamos a primeira quarentena em São Paulo", afirmou o governador, comentando sobre restrições impostas ao comércio e a municípios do estado.