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MPF pede afastamento de Witzel por mais um ano do cargo de governador

Witzel está afastado do cargo de governador do Rio desde agosto do ano passado por suspeitas de desvios  - WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Witzel está afastado do cargo de governador do Rio desde agosto do ano passado por suspeitas de desvios Imagem: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

Natália Lázaro

Colaboração para o UOL, em Brasília

11/02/2021 14h00Atualizada em 11/02/2021 16h14

O MPF (Ministério Público Federal) pediu hoje que Wilson Witzel (PSC-RJ) permaneça mais um ano afastado do cargo de governador do Rio de Janeiro. Além disso, a procuradoria solicitou a proibição do retorno dele ao Palácio das Laranjeiras, residência oficial do chefe do estado do Rio.

A apelação foi feita durante sessão da Corte Especial do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que avalia se Witzel deve continuar afastado e se tornar réu na Justiça.

Em agosto, a PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou Witzel, a primeira-dama Helena Witzel, e outras sete pessoas por corrupção (ativa e passiva) e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, ele se utilizou do cargo para estruturar uma organização criminosa que movimentou mais de R$ 500 mil em propinas pagas por empresários da saúde ao escritório de advocacia de sua esposa. Witzel e a esposa sempre negaram que tenham cometido os crimes.

Na sessão de hoje, a subprocuradora-geral Lindora Araújo disse que a ação é a "mais chocante que já viu" por se tratar de um governador de estado que "ao invés de proporcionar afeto para minimizar a dor das pessoas, usaram em beneficio próprio" os recursos destinados ao combate à covid-19 no Rio. Ela citou as suspeitas de desvios com as obras dos hospitais de campanha e compra de insumos pelo investigado. Para ela, Witzel agiu "consciente e voluntariamente" nos crimes.

Representada por Lindora, a PGR entende que o governador praticou ao menos quatro crimes de corrupção passiva e mais de quatro de lavagem de dinheiro por meio do escritório de Helena Witzel. A Corte Especial analisa hoje as acusações da procuradoria. A relatoria é do ministro Benedito Gonçalves.

Defesa vê "desrespeito" à democracia

Para o advogado de Witzel, Roberto Podval, o pedido de afastamento do governador é um "desrespeito" à democracia, por ter sido eleito ao cargo e ainda não terem comprovado os supostos crimes.

"Isso é um desrespeito à democracia, não há prova de que ele cometeu crime, não há riquezas ali e, mais de tudo, a defesa tem que ter direito de conhecer os fatos para poder vir aqui", disse, durante a sessão. "Talvez tenha administrado mal o Rio de Janeiro, mas Witzel não é desonesto", defendeu.

"Talvez muitos não gostem do governador, não gostem da forma como governa, talvez ele não seja a pessoa mais adequada para alguns, mas isso não pode admitir no afastamento de um governador eleito democraticamente, temos que ter respeito à democracia", disse Podval, em defesa.

Contradizendo o que afirmou a procuradoria na queixa-crime, Witzel não negou se apresentar à Justiça, alegando somente não ter recebido os autos do processo. "Foi dado o afastamento sem ele ser ouvido, a Lindora disse que ele não quis ser ouvido. Ele quis ser ouvido, ele queria acesso aos autos", pontuou.