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"Eu sou popular porque sou 'chão de fábrica'", diz Damares Alves

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, em cerimônia no Palácio do Planalto - Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, em cerimônia no Palácio do Planalto Imagem: Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

20/02/2021 20h27Atualizada em 20/02/2021 21h56

Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves descartou a possibilidade de se candidatar como vice-presidente em processo eleitoral, apesar de se considerar uma "pessoa popular" por ser aquilo que definiu como "chão de fábrica". As falas foram ditas em entrevista à GloboNews que irá ao ar, na íntegra, amanhã.

"Me perguntam muito se eu vou ser a vice-presidente. Me perguntam muito se eu vou ser a deputada, a senadora. [...] Eu não quero ir para o processo eletivo. Não quero. Eu quero continuar o que eu estou fazendo. E quero muito me afastar dessa discussão", afirmou ela.

Eu sei que eu posso ajudar muito à frente, porque eu converso com as pessoas. Eu sou popular, as pessoas falam que eu sou popular. É porque eu estou lá na base, eu sou 'chão de fábrica'. Eu levo cesta básica na cabeça. Então, eu tenho que falar com o povo, é por isso que o povo me conhece mais."
Damares Alves

Direitos Humanos e ONU

Na semana passada, a ministra assinou a portaria nº 457, publicada no Diário Oficial, que institui um grupo de trabalho ministerial com o objetivo de "analisar aspectos atinentes à formulação, desenho, governança, monitoramento e avaliação da Política Nacional de Direitos Humanos [PNDH-3], com vistas a oferecer recomendações para seu aprimoramento e de seus programas".

Em nota divulgada no último dia 11, o presidente do CNDH (Conselho Nacional dos Direitos Humanos), Yuri Costa, disse que a portaria "exclui a sociedade de um debate fundamental".

Na portaria, Damares definiu que o grupo de trabalho terá 14 integrantes, todos servidores do seu próprio ministério. O grupo será coordenado por uma das secretarias do seu ministério. Eles têm até novembro para apresentar um relatório.

Em meio a críticas, o ministério informou, em nota publicada em seu site, que a equipe do grupo de trabalho terá representantes da pasta e contará com a participação da sociedade civil, que, contudo, não terá direito a voto.

A iniciativa se contrasta com as regras estabelecidas na ONU (Organização das Nações Unidas) para a formulação de políticas de direitos humanos. Em 1993, a Declaração de Viena da qual o Brasil faz parte recomenda aos governos que garantam a participação pública nos debates e nas decisões sobre estratégias nesse setor.

Na segunda-feira, a ministra representará o Brasil na primeira reunião do ano do Conselho de Direitos Humanos da ONU, com a participação virtual de 130 chefes de estado e ministros, além da cúpula da organização internacional. Além de Damares, participa do encontro o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Conforme o UOL adiantou, a participação dos ministros ocorre num momento em que a sociedade civil acusa o governo de promover um desmonte das políticas de direitos humanos no país. Durante as cinco semanas de reuniões na ONU, o Brasil será alvo de denúncias de violações de direitos humanos em atos liderados por ONGs, governos estrangeiros e pela própria ONU.