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Collor fala sobre aproximação com Bolsonaro: "Inteiramente à disposição"

Fernando Collor de Melo é entrevistado no Conversa com o Bial - Reprodução/Vídeo
Fernando Collor de Melo é entrevistado no Conversa com o Bial Imagem: Reprodução/Vídeo

Colaboração para o UOL

23/02/2021 03h03Atualizada em 23/02/2021 11h53

O atual senador por Alagoas e ex-presidente da república, Fernando Collor de Mello (PROS - AL), afirmou que está à disposição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para contribuir com sua experiência no que for necessário.

"Eu sou um ex-presidente, e o único que tem assento no Congresso Nacional. Pesam nos meus ombros a responsabilidade de colaborar e a forma que eu tenho de contribuir é com a minha experiência. (...) No momento em que eu sinto que posso dar alguma contribuição, alguma colaboração, eu sendo chamado, estou inteiramente à disposição", declarou Collor em entrevista a Pedro Bial, durante o Conversa com Bial na madrugada de hoje.

Questionado pelo apresentador sobre quem tomou o primeiro passo na aproximação com o atual governo, Collor confirmou que foi chamado pelo Planalto, mas no sentido de acompanhar o presidente e, nessas oportunidades, conversou com Bolsonaro e explanou sobre sua experiência para tentar ajudá-lo.

Pedro Bial lembrou ao senador que, no início dos anos 1990, Bolsonaro foi um dos deputados que votaram a favor do processo de impeachment que cassou seus direitos políticos por anos e, em diversas ocasiões, o criticou durante seu mandato. Ao ser questionado sobre quem mudou mais de opinião entre ele e Bolsonaro nesses 30 anos, Collor foi direto: "Ninguém. O mundo passa. E quem não passa, fica."

Bial comentou ainda as declarações de Collor contrárias ao presidente feitas ano passado, e o senador deixou claro que sua preocupação quanto ao presidente era uma questão institucional e a falta de contato de Bolsonaro com a classe política.

"Ele estava negando a política e qualquer tipo de contato com a classe política. E eu dizia: se continuar assim, não termina o mandato, não termina o governo. Eu adicionava: 'Eu já vi esse filme, não quero ver de novo, alertando o presidente da república para a necessidade de se aproximar do Congresso", declarou Collor, que também comentou a respeito de comentários antigos direcionados a forma de falar do presidente.

"Ele pode ser um presidente muito bom, mesmo com esse palavreado. (...) Nos deixa ruborizados, mas é o estilo de cada um."

Collor falou ainda sobre o temperamento de Bolsonaro. "Todos nós temos essa dificuldade, temos que conter esse temperamento. O meu caso era impetuosidade. (...) Cada presidente tem seu temperamento e o que a gente tem que fazer é se educar", declarou.

A relação Collor-Bolsonaro

Nem sempre a relação entre Collor e Bolsonaro foi tão pacífica. O senador por Alagoas já criticou o presidente abertamente em algumas ocasiões, como citado por Pedro Bial durante a entrevista.

A aproximação dos dois é recente. Um dos motivos que levou a isso foi a recusa de Collor em fazer parte da campanha de vacinação organizada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O evento reunia ex-presidentes para divulgarem a Coronavac - vacina que se tornou um fator político central na disputa entre Bolsonaro e Dória.

Depois disso, o ex-presidente acompanhou Bolsonaro em algumas viagens pelo Nordeste, onde os dois trocaram elogios. Enquanto Collor declarou que Bolsonaro enfrentava uma tempestade, mas iria sair dela, o presidente afirmou que Collor era um homem que lutava pelos interesses do país.

Além disso, o senador participou de uma reunião com a equipe econômica para ajudar a debater a questão do aumento do preço do combustível.

Invasão, confisco da poupança e impeachment

Logo no começo da entrevista, Bial questionou o ex-presidente a respeito da invasão ao prédio da Folha, apenas oito dias após o início de seu governo.

"Mais um fato que nunca existiu como foi contado. Nunca houve uma determinação minha. (...) O que motivou essa ação foi uma denúncia de que estaria sendo cobrado por um anúncio um preço acima do estabelecido pelo congelamento de preços", declarou.

Sobre o polêmico confisco da poupança acontecido no seu mandato, Collor afirmou que se arrepende pelo sofrimento que isso causou a diversas famílias que sofreram com o bloqueio, como ele chama o fato. "Não foi confisco, porque confisco pressupõe que você pegue algo de alguém sem haver devolução. Foi um bloqueio dos ativos", disse o senador. Ele lembra, contudo, que as pesquisas de opinião da época apontavam uma aprovação de 74% do plano econômico.

O ex-presidente comentou ainda sobre como tem gostado de estar ativo nas redes sociais e que faz questão de responder a maioria das perguntas feitas, alegou ser inocente no processo que corre contra ele no STF e afirmou que seu processo de impeachment foi uma "piada".

"Pela insatisfação que o Congresso Nacional estava tendo com o meu governo, eles instrumentalizaram a lei e projetaram o meu processo de afastamento. Foi um processo eminentemente político", afirmou, deixando claro ainda que é contrário a um processo de impeachment do atual presidente Jair Bolsonaro.

O Conversa com o Bial vai ao ar de segunda a sexta-feira, após o Jornal da Globo.