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Schelp: Presidente Bolsonaro tem visão antiquada de economia e riquezas

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/02/2021 04h00

O presidente Jair Bolsonaro reforça ter visão antiquada sobre economia e riquezas ao interferir na Petrobras e afetar o mercado. Diogo Schelp, na edição #74 do Baixo Clero, critica o governo federal pela interferência na empresa.

Em 2019, Bolsonaro esteve em um fórum mundial para investidores na Arábia Saudita e fez um discurso "constrangedor" na opinião de Schelp, que o acompanhou durante o evento.

"Enquanto eles discutiam como superar a era do petróleo e como entrar na era das energias renováveis, Bolsonaro chegou e começou a falar o que o Brasil tinha em termos de investimentos: nióbio, de madeira, de turismo e petróleo", afirma o colunista do UOL (veja a partir do minuto 25 no vídeo acima).

O jornalista sintetiza o mundo econômico do presidente brasileiro como riquezas da natureza —embaixo ou em cima da terra—, que podem ser exploradas pelas pessoas. "Bolsonaro tem essa visão antiquada do que é economia e do que são as riquezas de um país. [Pensa assim] Em vez de ser o capital humano ou alguma outra coisa", afirma.

Carla Araújo, convidada do episódio #74, fala de outro tema em que Bolsonaro tenta meter o dedo: privatizações. Nesta semana, ele agiu para acelerar o processo de ceder a Eletrobras à iniciativa privada e pretende fazer o mesmo com os Correios.

A colunista define que o assunto deve ser discutido com tranquilidade e não ser imposto pelo governo. "As privatizações devem ser discutidas pela sociedade sem paixões", diz (veja a partir de 29:45 no vídeo acima).

"Temos experiência da privatização telefônica, que não tínhamos e expandiu. Quando falamos de recurso natural, energia, tem uma série de questões. O mais importante de uma privatização é ampliar a discussão", explica (veja em 30:20 no vídeo acima).

A interferência na Petrobras, retirando o presidente Castello Branco para colocar um militar, afetou o valor da empresa na Bolsa, com quedas bruscas no valor da estatal.

Maria Carolina Trevisan define a ação como uma intervenção negativa pelo fato de acarretar na perda de R$ 100 bilhões em valor de mercado.

"Para conseguirmos fazer um novo auxílio emergencial, está se estudando a necessidade de R$ 30 bilhões. Só para se ver a dimensão da seriedade do que ele [Bolsonaro] fala. Quando faz intervenção, a Bolsa caiu".

A colunista explica que, com a desvalorização causada por atos do presidente, há como resposta a alta do dólar e o aumento na inflação.

"Os preços aumentam e quem perde com isso são as pessoas mais pobres, não só o mercado. Chega ao bolso do consumidor, que não consegue comprar as mesmas coisas."

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