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Prefeita de Bauru ataca Doria, e governo de SP lamenta 'negacionismo'

A prefeita de Bauru, Suellen Rosim (Patriota), e o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), durante encontro em Brasília - Reprodução/Instagram
A prefeita de Bauru, Suellen Rosim (Patriota), e o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), durante encontro em Brasília Imagem: Reprodução/Instagram

Daniel César

Colaboração ao UOL, em Pereira Barreto (SP)

06/03/2021 18h10

A prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (Patriota), fez uma dura cobrança ao governador João Doria (PSDB) em live feita em redes sociais na noite de ontem. Em frente a um pronto-socorro da cidade, ela cobrou que o governo do Estado abra mais leitos de UTI para atender o município.

"Nós temos feito a nossa parte em todos os sentidos. Eu tenho cobrado incansavelmente, nada mais que as promessas não sendo cumpridas. Nada mais que o compromisso estabelecido com Bauru."

O município faz atendimento no pronto-socorro, mas a alta complexidade não é nossa responsabilidade. Mas infelizmente temos vividos dias muito difíceis. Em Bauru, hoje, tivemos cinco mortes. Eu tenho 70 leitos de UTI para 38 municípios. 172 na DRS [Departamento Regional de Saúde] que inclui outras cidades, para mais de 1 milhão de habitantes.
Suéllen Rosim (Patriota), prefeita de Bauru

Segundo Suéllen, como o governo não vem trabalhando para aumentar a demanda de leitos de UTI, o próprio município irá arcar com os custos da instalação.

A prefeita reclama que o governo do estado se comprometeu a enviar dez leitos de UTI em fevereiro, o que não foi cumprido até o momento. Ela também criticou o uso do Hospital das Clínicas apenas de forma paliativa.

A transmissão ao vivo da prefeita acontece depois de ela se recusar a colocar Bauru na fase vermelha do Plano São Paulo —em que somente comércio e serviços essenciais são permitidos, como mercados e farmácias— e não ordenar uma série de restrições quando o município já estava à beira do colapso (leia mais abaixo). A disputa com o estado parou na Justiça, antes mesmo de todo o estado entrar na fase vermelha.

O UOL conversou com moradores da cidade, que confessaram estar num momento difícil e, principalmente, porque a população não vem cumprindo as regras de distanciamento e isolamento social, além de não fazer uso da máscara.

Ao UOL, o Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Comunicação, diz que "lamenta o negacionismo" da prefeita de Bauru.

O Governo do Estado de São Paulo lamenta o negacionismo da Prefeita de Bauru e sua omissão na tarefa imperativa e primordial dos gestores públicos atuais: salvar vidas e enfrentar a pandemia. Além de ser mau exemplo quanto às medidas preventivas, promovendo aglomerações e subestimando medidas de controle de circulação necessárias para evitar o crescimento de internações, cobra justamente o que não faz e é preciso para salvar vidas: aumentar leitos.
Nota da Secretaria de Comunicação do governo paulista

"O Estado tem trabalhado sozinho pela criação de novos leitos em Bauru e o município não financia um leito de UTI sequer", diz a nota.

Discussão anterior

Não é a primeira vez que Suéllen e Doria discutem. No fim de janeiro, Suéllen foi a Brasília e se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), adversário político do governador de São Paulo.

Em seguida, a região de Bauru foi colocada na fase vermelha, mas a prefeita baixou um decreto permitindo atividades consideradas não-essenciais. Mas a Procuradoria-Geral do Estado acionou a prefeitura na Justiça, e a medida foi revogada.

Em coletiva, Doria e sua equipe criticaram Suéllen. O governador afirmou que a prefeita era negacionista e estava fazendo "vassalagem para o presidente Jair Bolsonaro".

Ela rebateu, dizendo que nunca negou a covid-19 e que foi à Brasília em busca de investimentos na área da Saúde. "O que nós precisamos governador não é abre e fecha, nós precisamos que nosso sistema de saúde melhore. Bauru tem esse problema há muito tempo."

A situação no município continua grave. No último Boletim Epidemiológico da prefeitura, Bauru estava em colapso com 103% dos leitos de UTI ocupados, ou seja, há pessoas esperando vagas. Além disso, a DRS, que atende outros municípios, está com 112% de taxa de ocupação.