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Nem Lula nem Bolsonaro têm a qualidade de que o Brasil precisa, diz senador

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/04/2021 14h50

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) disse hoje em entrevista ao UOL defender uma "terceira via" entre Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022.

Na visão do parlamentar, nem Bolsonaro nem Lula têm a qualidade de que o Brasil precisa para comandar o país.

"Vou trabalhar muito para ter outros nomes como alternativa. O Lula tem toda uma história, tem realizações positivas, mas o Lula foi a cabeça, foi a base de um sistema de corrupção brutal que saqueou a Petrobras, o Estado brasileiro, e criou essa narrativa do 'nós contra eles'", disse Vieira, citando a polarização criada entre os dois pré-candidatos.

Vieira cita que votou em Bolsonaro no segundo turno em 2018, mas não gostaria de repetir a situação, embora considerasse a outra opção ruim.

"O Bolsonaro, quando digo que me arrependo do voto, não é por questões ideológicas. O que me preocupa é a absoluta incapacidade, a falta de humildade, de respeito pelas vidas. Porque errar na pandemia no começo é justificável, mas continuar errando, continuar falando contra isolamento, medidas de contenção, colocando em dúvida vacinas, promovendo remédio que não funciona, isso ultrapassa o razoável, é criminoso", afirmou.

A gente não pode estar condenado a um passado que representa o PT e a esse presente que é totalmente desajustado, representado por Bolsonaro.
Alessandro Vieira (Cidadania-SE), senador

O senador prometeu que vai trabalhar pela elaboração de um terceiro nome na disputa em 2022. "Vamos tentar habilitar uma terceira via, tentar dar condições para que a gente tenha alternativas e trabalhar", disse.

"As pessoas inventam nomes que são animais de laboratório, que o cidadão não conhece, nunca viu, não tem motivo, e as pessoas começam a investir tempo naquilo ali."

"Se chegar a 2022 e tiver essa triste realidade [Lula contra Bolsonaro], a gente vai ter que fazer uma escolha, comunicar para todo mundo, não sou de ficar em cima do muro, não faço segredo das coisas. Mas já sabendo que nenhum dos dois tem a qualidade de que o Brasil precisa", afirmou.

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Compra de vacinas por empresas

O senador também disse que o projeto que quer permitir a compra de vacinas por empresas privadas para vacinar seus funcionários, que tramita no Congresso Nacional, é "oportunismo" e "não faz sentido".

"O que a gente mais encontra são opiniões contrárias, que é uma péssima ideia, um projeto oportunista, um projeto feito em cima das coxas para agradar alguns empresários, mais nominalmente o cara da Havan [Luciano Hang] e da Wizard [Carlos Wizard Martins], que fizeram grande campanha e são próximos ao governo, mas o projeto não traz nenhum avanço", disse.

A proposta de relatoria da deputada Celina Leão (PP-DF) prevê que essas compras, se feitas junto a laboratórios que já venderam vacinas ao governo federal, poderão ocorrer apenas depois do cumprimento integral do contrato e da entrega dos imunizantes ao Ministério da Saúde. Além disso, o texto determina que as empresas doem ao SUS (Sistema Único de Saúde) a mesma quantidade adquirida para os trabalhadores.

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Recuperação da covid

O senador falou também sobre sua recuperação da covid-19 e ressaltou que teve "a felicidade que mais de 330 mil brasileiros não tiveram".

Vieira ficou internado por 12 dias e afirmou ter perdido 11 kg durante a internação. Ele foi contaminado em visita ao Congresso Nacional assim como os senadores Lasier Martins (Podemos-RS), que também se recuperou da doença, e Major Olímpio (PSL-SP), que faleceu por complicações do novo coronavírus.

"Não precisei ser intubado, fiquei numa semi-UTI, foi o pior momento. Nesse período de internação perdi 11 quilos, a parte respiratória ficou bem complicada, mas graças a Deus tive alta, retornei para Sergipe, continuo em tratamento e continuo fazendo fisioterapia. O prejuízo para parte muscular e respiratória é muito grande, continuo com tosse e fôlego mais curto", disse Vieira.

O senador revelou qual foi o tratamento aplicado nele enquanto esteve no hospital. "Comecei o tratamento em casa, não tem um tratamento específico para essa fase da doença. Após oito dias eu fiz a tomografia e estava comprometido praticamente metade dos pulmões. Aí se decidiu pela internação, fiquei 12 dias internado. O tratamento que todo mundo pergunta foi o recomendado pelos médicos: anticoagulante, corticoide, anti-inflamatórios e antibióticos para evitar uma infecção oportunista", relata.

"Isso tudo me gerou a possibilidade de escapar, me recuperar. Não é uma pneumonia só, nunca foi uma gripezinha, então as pessoas têm que fazer um acompanhamento", afirmou o senador.

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