Após lançar dúvida sobre China, Bolsonaro diz que país é importante
Depois de insinuar que a China promoveu "guerra bacteriológica", em discurso feito mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) culpou a imprensa por eventual atrito e disse agora que considera o gigante asiático um parceiro comercial importante, durante entrevista concedida no aeroporto do Galeão, no Rio.
"Eu não falei a palavra 'China' hoje de manhã. Eu sei o que é guerra bacteriológica, guerra nuclear. Vocês, da imprensa, sabem onde nasceu o vírus. Falem. Muita maldade tentar aí um atrito com um país que é muito importante para nós", afirmou Bolsonaro, que foi pessoalmente ao aeroporto receber o ex-motorista Robson Oliveira, preso na Rússia por cerca de dois anos e meio, acusado de tráfico de drogas.
De manhã, sem citar nominalmente a China e sem apresentar provas, Bolsonaro afirmou que o coronavírus pode ter sido criado a partir de um vírus de "laboratório". Contrariou, dessa forma, a OMS (Organização Mundial da Saúde), que investigou as origens do coronavírus e disse que é improvável que a doença tenha surgido a partir de um vírus de laboratório — a informação foi publicada pela agência de notícia estatal do próprio governo de Jair Bolsonaro.
É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?"
Jair Bolsonaro, em cerimônia no Palácio do Planalto
"Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês. Que que está acontecendo com o mundo todo, o seu povo, com sua gente, com nosso Brasil?", acrescentou.
Até 3 de março de 2021, a China foi o país que apresentou maior crescimento econômico em 2020 dentre aqueles que haviam divulgado o índice, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os demais apresentaram PIB negativo no período, como o Brasil, com queda de 4,1%.
Horas depois, na rápida entrevista no aeroporto do Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que nunca se distanciou da China ao ser questionado sobre a relação com o país asiático.
"Eu sou muito próximo de Putin, eu nunca neguei isso aí. Assim como nós nunca nos distanciamos da China. A China tem os interesses do Brasil, vamos continuar vendendo pra China, o que a China precisa comprar o que nós produzimos aqui."
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro, seus filhos ou membros do governo fazem acusações sem provas ao governo chinês, seja pela covid-19, seja por questões relativas à tecnologia de comunicação 5G.
No ano passado, Bolsonaro tratou o vírus em várias oportunidades como o vírus chinês e chegou a comemorar em novembro a suspensão dos testes da vacina CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.
Tanto a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quanto o Instituto Butantan dependem da chegada de IFA da China para envasar as vacinas Oxford/AstraZeneca e CoronaVac, respectivamente, e atrasos nesse recebimento têm impactado na produção local dos imunizantes desde o fim do ano passado.
*Com informações da agência Reuters
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.