Topo

Esse conteúdo é antigo

'Economia e saúde não são coisas distintas', diz Teich à CPI da Covid

Rayanne Albuquerque e Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

05/05/2021 11h46Atualizada em 05/05/2021 13h02

Durante o depoimento para a CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou que saúde e economia não são coisas distintas e achou "ruim" a divisão feita pelo governo federal durante o enfrentamento da pandemia.

Economia e saúde não são coisas distintas. Quando você avalia a sociedade, o nível de saúde da sociedade, você tem o cuidado em saúde, e tem os determinantes sociais da saúde, você tem economia, saúde, educação, onde a pessoa mora, uma série de coisas. Se achava até que a educação era o principal fator de saúde da sociedade
Nelson Teich, ex-ministro da Saúde

O problema prático, na visão de Teich, foi que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) considerou a economia como "dinheiro e empresas".

A economia foi tratada como dinheiro e empresa e a saúde como vidas, sofrimento e morte, mas na verdade, tudo é gente. Quando você fala de economia você não fala de empresas, você fala de gente
Nelson Teich, ex-ministro da Saúde

Mais cedo, o ex-ministro falou que saiu da gerência do Ministério da Saúde por divergir das perspectivas de Bolsonaro sobre o uso da cloroquina para o "tratamento precoce". O medicamento, que não tem eficácia comprovada, continua sendo recomendado também pela atual gestão da Saúde, que agora está sob a liderança do ministro Marcelo Queiroga.

Outros convocados pela CPI

Ontem o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta foi sabatinado pelos senadores na CPI da Covid sobre a condução das estratégias de enfrentamento da pandemia em sua gestão.

O atual ministro da pasta, Marcelo Queiroga, também prestará depoimento, assim como Eduardo Pazuello e o presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres.

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), leu ontem um comunicado recebido do Comando do Exército sobre o contato recente de Pazuello com duas pessoas testadas positivas para covid-19. O senador negou que o depoimento pudesse ser feito de forma remota e decidiu reagendar o depoimento de Pazuello para 19 de maio.

Teich e Mandetta se tornaram críticos de ações do governo federal nos últimos meses. Com isso, senadores independentes e da oposição, que são maioria na CPI, procuram revelar e reforçar eventuais erros da gestão de Bolsonaro por meio dos depoimentos dos ex-ministros ao colegiado.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.