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Bolsonaro diz que ato no Rio não teve viés político e cogita fazer outros

Do UOL, em São Paulo

27/05/2021 20h37Atualizada em 27/05/2021 21h37

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) negou hoje a existência de "viés político" no ato de motociclistas realizado no último domingo (23), no Rio de Janeiro, do qual também participou. Segundo ele, a "motociata", como foi apelidada, foi um movimento "pela liberdade, democracia e apoio ao presidente", e não descartou a possibilidade de haver novos encontros nas próximas semanas.

O ato de domingo percorreu da zona oeste até o Aterro do Flamengo, na zona sul da cidade, onde Bolsonaro encontrou com o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Nenhum dos dois usava máscara, e o presidente ainda fez ataques a governadores ao discursar para os apoiadores.

"Parabéns aos motociclistas do Brasil! É um encontro que não teve nenhum viés político, até porque não estou filiado a partido nenhum ainda. Foi um movimento pela liberdade, democracia e apoio ao presidente. Impressionante: no percurso, todas as pessoas com camisa verde e amarela, bandeira do Brasil, saudando aquela montanha de motos desfilando", elogiou Bolsonaro durante sua live semanal, transmitida de São Gabriel da Cachoeira (AM).

Não tinha bandeira vermelha, não tinha foice e martelo. Não vou entrar em detalhes, mas na saída ali tinha um cara gritando alguma coisa, com uma camisa esquisita, recebeu um carinho de uma pessoa lá e seguiu destino. Parou de fazer brincadeirinha ali.
Jair Bolsonaro, durante live de 27/05/2021

A posição do presidente segue o roteiro daquela adotada por Pazuello na defesa apresentada hoje ao Comando do Exército, segundo apuração de Carla Araújo, colunista do UOL. O documento, uma resposta ao procedimento disciplinar aberto para apurar sua participação no ato de domingo, é sigiloso e não deve ser tornado público pelo Exército.

Bolsonaro também informou que ainda não há data marcada para a próxima "motociata" porque é necessário conversar com o governador do estado e o prefeito da cidade por onde a manifestação passará, mas afirmou que "há um movimento muito forte" e "tem gente pedindo para fazer novos passeios".

"Sem ser nesse fim de semana [29 e 30 de maio], o outro [5 e 6 de junho], poderá ser em Porto Alegre ou Belo Horizonte", indicou.

Punição a Pazuello

Em nova crítica a Eduardo Pazuello, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) defendeu hoje que o ex-ministro da Saúde seja punido por ter participado da manifestação no Rio. O regimento interno das Forças Armadas proíbe militares da ativa — como Pazuello, que é general do Exército — de irem a qualquer ato político.

"A regra tem que ser aplicada para evitar que a anarquia se instaure dentro das Forças, porque assim como tem gente que é simpática ao governo, tem gente que não é. Então, cada um tem que permanecer dentro da linha que as Forças Armadas têm que adotar. As Forças Armadas são apartidárias, elas não têm partido. O partido das Forças Armadas é o Brasil", disse o vice-presidente, que é general da reserva.

No início da semana, Mourão já havia defendido que Pazuello adiantasse sua ida para reserva, ecoando uma posição hoje majoritária no Exército. Desde que o general assumiu o Ministério da Saúde, em maio, havia cobranças da cúpula da Força para que ele deixasse a ativa, mas o general resistia e continua resistindo, especialmente agora que enfrenta a investigação da CPI da Covid.

(Com Reuters)