Senadores dizem que fala de Bolsonaro é reação à CPI: 'atraso fatal'
Do UOL, em São Paulo
02/06/2021 21h08
Membros da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid divulgaram uma nota rebatendo o pronunciamento feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na noite de hoje.
Para eles, o pronunciamento de Bolsonaro é uma reação à atuação da CPI e sua fala sobre as vacinas vem com um "atraso fatal e doloroso". "A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais", escreveram.
Os senadores defendem que o tom de hoje pelo presidente deveria ter sido adotado há um ano: "O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de 'gripezinha'".
A nota foi assinada pelos senadores Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente, Renan Calheiros (MDB-AL), relator, além dos membros efetivos Tasso Jereissati (PSDB-CE), Humberto Costa (PT-PE), Eduardo Braga (MDB-AM) e dos suplentes Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Rogério Carvalho (PT-SE).
Os membros da CPI questionaram ainda a atuação do presidente ao longo da pandemia, relembrando que ele desqualificou vacinas, estimulou aglomerações e prescreveu medicamentos ineficazes para a covid-19.
A atuação do governo federal desde o início da crise sanitária foi marcada pela negação do isolamento social. Bolsonaro convocou e participou de manifestações diversas vezes, é visto frequentemente sem máscaras de proteção e chegou a dizer que não compraria a CoronaVac por ser uma vacina chinesa.
Além disso, o governo Bolsonaro insiste ainda hoje na defesa da cloroquina, remédio ineficaz no tratamento da covid-19.
"Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável. A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira."