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Grito dos Excluídos no DF ataca Bolsonaro e pede proteção a trabalhadores

Grito dos Excluídos na Torre de TV, em Brasília  - Ana D"Angelo/UOL
Grito dos Excluídos na Torre de TV, em Brasília Imagem: Ana D'Angelo/UOL

Ana D'Angelo

Colaboração para o UOL, em Brasília

07/09/2021 14h32Atualizada em 07/09/2021 16h14

Líderes sindicais, estudantis e de movimentos sociais reunidos na manhã deste 7 de Setembro no Grito dos Excluídos, em Brasília, criticaram o governo de Jair Bolsonaro, o corte de direitos trabalhistas e a destruição do meio ambiente. Com gritos "Bolsonaro golpista", o grupo pediu também proteção aos povos indígenas no país.

Com gritos "Bolsonaro golpista", "genocida" e "fascista", as lideranças conclamaram os trabalhadores para resistirem à investida do governo contra o estado democrático de direito e também defenderam a proteção e a garantia dos territórios indígenas. Estavam presentes operários, professores, servidores públicos, estudantes universitários, entre outros.

O protesto contra Bolsonaro no Distrito Federal começou por volta das 9h e, segundo a organização, reuniu cerca de 3.000 pessoas na área da Torre de TV, no Eixo Monumental, na região central do Plano Piloto — não há estimativa do número de participantes feita pela polícia. No local, foi montado um posto para arrecadação de alimentos para a Marcha das Mulheres Indígenas.

Parlamentares de esquerda também discursaram no Grito dos Excluídos em Brasília. "Temos que nos posicionar contra essa política autoritária do governo Bolsonaro. Ditadura nunca mais", afirmou a deputada federal Vivi Reis (PSOL-PA).

Ela afirmou, durante seu discurso, que os indígenas, acampados um quilômetro mais adiante, no espaço da Funarte (Fundação Nacional de Artes), passaram a noite em alerta porque foram hostilizados por bolsonaristas que passavam de carro na pista ao lado do acampamento.

Há relatos de que alguns tentaram invadir o local, mas foram contidos pelos seguranças. Muitos dos apoiadores do presidente que vieram a Brasília ficaram hospedados no Setor Hoteleiro Sul, na via paralela à Torre de TV.

Para evitar confrontos e ataques ao acampamento, os indígenas decidiram não participar do Grito dos Excluídos. Desde o início da manhã, policiais militares fizeram um paredão na pista em frente ao acampamento dos indígenas.

A manifestação contra Bolsonaro foi encerrada duas horas depois após os organizadores receberem informações de que bolsonaristas estavam retornando da Esplanada pelo Eixo Monumental, onde estavam os participantes da Marcha.

A maioria se dispersou logo, mas um pequeno grupo permaneceu, incluindo estudantes mulheres da Universidade de Brasília, e chegou a ser hostilizado por apoiadores de Bolsonaro que gritavam: "vai trabalhar", "vai comer pão com mortadela", "paguei para estar aqui" e "fora Lula, ladrão". Os manifestantes da marcha dos Excluídos rebatiam gritando que eles não sentiam o alto preço do gás e da gasolina.

Houve alguns momentos de tensão com os bolsonaristas. O policiamento foi reforçado para manter os grupos separados. A estudante universitária Ana Clara Almeida, de 20 anos, disse não entender como pode haver pessoas que defendam a implantação de ditadura. Ela disse que ficaria o tempo necessário e que não aguentaria desaforo de bolsonaristas.

"Está faltando emprego, o dinheiro não está dando para pagar as compras de supermercados, a gasolina está a R$ 7 e ainda tem quem defenda esse governo fascista", disse ela.

Mais adiante, os apoiadores do governo que subiam o Eixo Monumental chegaram a hostilizar indígenas que estavam no acampamento, na Funarte. Não houve confronto.

O ato em favor do presidente aconteceu na Esplanada dos Ministérios a três quilômetros da Marcha dos Excluídos. Com manifestações golpistas, pedindo o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e contra o Congresso, o protesto bolsonarista reuniu milhares de apoiadores, em número visivelmente maior que o grupo contra o presidente.

Bolsonaro participou da manifestação com discurso também abertamente golpista, em que ameaça o presidente do STF, Luiz Fux:

Ou o chefe desse Poder enquadra os seus ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos. Porque nós valorizamos e reconhecemos o Poder de cada República. Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair".

Promovido por movimentos sociais e sindicais. o Grito dos Excluídos acontece anualmente desde 1995 no país.