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Governo anuncia liberação de parte de rodovias federais; veja panorama

Do UOL, em São Paulo

09/09/2021 11h33Atualizada em 09/09/2021 14h03

O Ministério da Infraestrutura anunciou hoje, em um boletim divulgado às 11h (de Brasília), uma lista de rodovias federais que foram liberadas na manhã de hoje depois de bloqueios organizados por caminhoneiros que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Os bloqueios começaram anteontem, durante os atos de caráter golpista do 7 de Setembro convocados pelo presidente, e seguiram ao longo de quarta (08) e na manhã de hoje. Ontem, Bolsonaro pediu, em áudio, que os caminhoneiros liberassem as vias. Hoje, ele prometeu conversar com os manifestantes para suspender a tentativa de paralisação.

De acordo com o boletim, ainda existiam pontos de concentração em rodovias federais de 14 estados, com interdições em 5 deles: Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Não foram informados os trechos com bloqueios.

Ainda segundo a pasta, nos estados de Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rondônia, Pará e Roraima o trânsito está liberado, mas ainda há abordagem a veículos de cargas.

De acordo com o ministério, foram liberadas as vias das seguintes rodovias nesta manhã:

  • BR-116/Bahia (Feira de Santana)
  • BR-101/Bahia
  • BR-101/Sergipe
  • BR-101/ Espírito Santo
  • BR-101/Pernambuco (Igarassu)
  • BR-116/Rio Grande do Sul (Vacaria e Turuçu)
  • BR-392/Rio Grande do Sul (Pelotas)
  • BR-285/Rio Grande do Sul (Monte Castelhano, São Borja e Passo Fundo)
  • BR-040/Minas Gerais
  • BR-116/Rio de Janeiro (Dutra/Barra Mansa)
  • BR-040/Janeiro (sede da Reduc)
  • BR-376/Paraná
  • BR-153/Goiás (Anápolis)

Pelo Brasil

Além da liberação das vias anunciadas pelo Ministério da Infraestrutura, órgãos locais têm feito atualizações frequentes da situação das rodovias.

Em São Paulo, a concessionária Arteris Régis comunicou que o km 280,1 da Régis Bittencourt (BR-116), em Embu das Artes (SP), ficou com todas as faixas interditadas pelos caminhoneiros no começo da manhã de hoje, causando congestionamento de 1,5 km. Por volta das 9h a pista foi totalmente liberada.

Também houve registro de protestos na Rodovia Anhanguera, na região de Limeira, no Rodoanel, localizado na região metropolitana da capital paulista, e na Dutra, que liga a capital paulista ao Rio de Janeiro.

Segundo a Polícia Militar paulista, 18 manifestações foram encerradas nas rodovias estaduais. Ainda há pontos com fluxo parcial nos municípios de Bebedouro, Caraguatatuba, Franca e Teodoro Sampaio.

Já em Santa Catarina, há bloqueios para caminhões em 10 pontos, segundo a Polícia Rodoviária do estado.

No Rio Grande do Sul, o ministério da Infraestrutura chegou a anunciar a liberação da BR 386 na altura de Sarandi, mas a Polícia Rodoviária informou nova interdição. A situação deve ser esclarecida em novo boletim no começo desta tarde.

Em Minas Gerais, a PRF informou que não há bloqueios na região metropolitana e que a Rodovia Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo, não registra ocorrências.

Paraná, Paraíba, Sergipe e Espírito Santo também comunicaram que todas as rodovias federais estão liberadas nos estados.

Filas por combustível

Em alguns estados, como Santa Catarina, Tocantins e Pernambuco, ocorreram filas em postos de gasolina porque consumidores ficaram com medo de desabastecimento.

Em Santa Catarina, segundo a PRF, até as 21h40 de ontem, os caminhoneiros bloqueavam 21 trechos em perímetros da BR-101, BR-116, BR-280, BR-282 e BR-470.

A interdição causou corrida aos postos de combustíveis de Florianópolis por causa de temor de desabastecimento de gasolina, segundo informou a GM (Guarda Municipal). Ao menos sete estabelecimentos fecharam mais cedo após zerarem o estoque com a demanda.

A corrida aos postos já começou a ser percebida também na Região Metropolitana do Recife. Em um posto de Olinda (PE), grandes filas começaram a se formar no início da noite de hoje.

Associação enxerga movimento político

Segundo a Infraestrutura, os atos não são organizados por qualquer entidade setorial do transporte rodoviário de cargas e a composição das mobilizações é heterogênea, "não se limitando a demandas ligadas à categoria."

De acordo com o jornal "O Estado de S. Paulo", um dos líderes do movimento intitulado de caminhoneiros patriotas, Francisco Burgardt, também conhecido como Chicão Caminhoneiro, informou que entregaria ainda hoje um documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pedindo a destituição de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Em nota, a NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) criticou a paralisação e disse que "trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos".

"Preocupa a NTC o bloqueio nas rodovias o que poderá causar sérios transtornos à atividade de transporte realizada pelas empresas, com graves consequências para o abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio, atingindo diretamente o consumidor final, de produtos de todas as naturezas inclusive os de primeira necessidade da população como alimentos, medicamentos, combustíveis etc", diz trecho do comunicado.

"Esperamos que as autoridades do Governo Federal e dos Governos Estaduais adotem as providências indispensáveis para assegurar às empresas de transporte rodoviário de cargas o pleno exercício do seu direito de ir e vir e de livre circulação nas rodovias em todo o território nacional, como pressuposto indeclinável para o cumprimento da atividade essencial de transporte", prossegue.

Atualmente, a NTC congrega, além das empresas diretamente associadas (cerca de 2.354), mais de 50 entidades patronais (federações, sindicatos e associações especializadas), representando cerca de 15.000 empresas que operam uma frota superior a 1,2 milhões de caminhões e criam mais de 2 milhões de postos de trabalho.