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Próximo presidente eleito deve ser contra o fascismo, diz Tarso Genro

Colaboração para o UOL

23/09/2021 11h42

Para o ex-ministro da Justiça e ex-presidente nacional do PT Tarso Genro, o próximo presidente a ser eleito no Brasil deve representar uma "união nacional" contra o fascismo e o extremismo de direita —que, na avaliação dele, "está tomando conta do país".

"Esse é o ponto de partida para um novo ciclo histórico da democracia brasileira", afirmou Genro ao participar hoje do UOL Entrevista, conduzido pelo apresentador Diego Sarza e pelos colunistas Josias de Souza e Kennedy Alencar.

Na entrevista, Genro ressaltou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é seu candidato para a disputa pelo Planalto em 2022. Mas, sem citar nomes, disse que há outras figuras políticas de importância no país para a construção de um processo eleitoral democrático no ano que vem.

"Tem 4, 5, 6, 7 nomes no país de grandes lideranças políticas que não são corruptas, que detestam a fisiologia, que querem alavancar a política brasileira, que defendem políticas sociais iguais ou análogas às do Lula e que podem ser um ponto de partida para um novo ciclo. E que mais tarde, inclusive, vão se dividir para aplicar seus projetos estratégicos de uma maneira diferenciada, disputando a presidência da República", afirmou o ex-ministro.

Genro declarou ainda que, no campo progressista, o ideal seria que houvesse apenas uma candidatura à Presidência. "Mas sabemos que não é possível", declarou, defendendo em seguida que os candidatos deste campo atuem de forma conjunta, seguindo uma espécie de protocolo, para que todos se comportem de forma a possibilitar espaço para debate sobre o futuro e a governabilidade.

"Isso significa, se não tirar Bolso antes do segundo turno, um compromisso de, no segundo turno, Bolso nunca mais", disse.

Campo democrático tem 'obrigação' de se reunir

Para Genro, a chegada de Bolsonaro ao poder aconteceu dentro de um contexto de "crise na democracia liberal em escala mundial". Como exemplo, o ex-ministro citou a eleição do ex-presidente Donald Trump, nos Estados Unidos.

O petista destacou, no entanto, que há "experiências de resistência importantes" —como é o caso, na avaliação dele, da chanceler alemã Angela Merkel.

"Ela nunca foi de esquerda, era dissidente na Alemanha Oriental. Mas ela conseguiu articular um sistema de alianças que esvaziou a possibilidade de re-fascitização da Alemanha, e isso é um momento político importante da União Europeia. Então tem solução, e nenhuma solução de país para país é a mesma", afirmou.

O que estou sustentando aqui é que temos uma solução ao alcance das nossas mãos, que é fazer com que essas lideranças do campo democrático aqui no país republicano --e não precisa ser de esquerda, anti-neoliberal, ela tem que ser democrática-republicana--, essas lideranças têm a obrigação de se unificarem para bloquear a emergência da hidra-fascista, que tem várias cabeças.
Tarso Genro

Essa união, para Genro, "tem que começar agora". A manifestação contra Bolsonaro que está sendo convocada por partidos majoritariamente de esquerda para o dia 2 de outubro, na avaliação do ex-ministro, "pode ser um ponto de partida extraordinário para a composição desse futuro".

Segundo turno e disputa Lula vs Bolsonaro

Ao longo da entrevista, o ex-presidente nacional do PT também defendeu a existência de uma chamada terceira via para as eleições presidenciais de 2022 e afirmou que uma disputa entre Lula e Bolsonaro, no segundo turno, não seria "saudável para a democracia brasileira".

"Eu acho que seria bom o surgimento de uma terceira via para o país. Não acho que seria saudável para a democracia brasileira que fosse uma disputa entre Lula e Bolsonaro. Bolsonaro tem que ser derrotado antes por impeachment ou politicamente nas eleições para não participar do segundo turno", disse.

"Seria uma limpeza do protocolo político republicano do Brasil e das agressões que a extrema-direta tem feio a todas as intuições", declarou ainda.

Pesquisa Ipec divulgada ontem pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderando o primeiro turno das eleições presidenciais de 2022 em dois cenários distintos, com mais de 20 pontos percentuais de vantagem para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).