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Em pré-campanha, Freixo foca no interior do RJ e dialoga com centrão

Pré-candidato ao governo do Rio, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) fala para empresários em Nova Friburgo - Reprodução/ Facebook
Pré-candidato ao governo do Rio, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) fala para empresários em Nova Friburgo Imagem: Reprodução/ Facebook

Igor Mello

Do UOL, no Rio

28/09/2021 04h00

Em um esforço para viabilizar sua primeira candidatura ao governo do estado do Rio de Janeiro, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) tenta desfazer a imagem de radical que tem junto a determinados setores e busca ampliar os interlocutores na política, mantendo conversas até com o PP —principal partido do centrão e base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O foco de Freixo tem sido o interior do Rio, cujo eleitorado é mais conservador e onde o parlamentar possui menos penetração. O ex-psolista vem dedicando os finais de semana a percorrer o interior do estado, enquanto durante a semana se ocupa com a tarefa de ser o líder da Minoria na Câmara dos Deputados.

Após deixar em junho o PSOL, partido onde permaneceu por 16 anos, Freixo também intensifica as conversas com lideranças de legendas ligadas ao centrão, como o deputado federal Dr. Luizinho, principal liderança do PP no estado. Outro interlocutor de Freixo é Eduardo Paes (PSD), prefeito do Rio de Janeiro.

A mudança de estratégia de Freixo coincide com a aproximação com o marqueteiro Renato Pereira.

Fundador da Agência Prole, Pereira comandou campanhas do grupo político do ex-governador Sérgio Cabral e firmou uma delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, em que confessou participação em esquemas de caixa dois e fraudes em licitações de publicidade no governo do estado e em prefeituras.

Segundo um integrante do grupo político de Freixo, Pereira tem auxiliado a pré-campanha com a realização de pesquisas qualitativas para avaliar a imagem do pré-candidato e de seus principais adversários, além dos temas que mais comovem o eleitorado do Rio. O deputado disputou a Prefeitura do Rio duas vezes sem realizar pesquisas qualitativas.

De acordo com uma fonte que participa diretamente da articulação da candidatura do deputado federal do PSB, a ideia não é ter o PP na coligação. Isso porque o partido hoje é o principal fiador do governo Bolsonaro —ao qual Freixo é um dos principais opositores no Congresso— e possui cargos no governo Cláudio Castro (PL).

O objetivo desse diálogo é neutralizar o governador do Rio, que buscará a reeleição em 2022 com o apoio de Bolsonaro. As conversas com o PP são no sentido de tentar impedir que o partido apoie Castro, adotando uma postura de neutralidade na disputa estadual.

Já com Eduardo Paes —com quem Freixo rivalizou abertamente nas candidaturas a prefeito da capital em 2012 e 2016— a tentativa é uma composição eleitoral. Como o prefeito tem feito oposição a Bolsonaro e o PSD possui uma postura de alguma independência ao governo federal, há possibilidade de um acordo.

Publicamente, Paes defende a candidatura ao governo fluminense do presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz. Mas o advogado também pode se lançar ao Senado pelo partido. Segundo articuladores de Freixo, Paes só deve decidir quem apoiará no ano que vem e também analisa o nome de Rodrigo Neves (PDT), ex-prefeito de Niterói.

O plano de Freixo, segundo dois políticos próximos a ele, é unir em uma frente os partidos que são oposição a Bolsonaro. Ele já conta com os apoios do PT, PCdoB e Rede Sustentabilidade, e espera trazer para sua coligação o PV, o Cidadania, o PSOL, além do PSD.

Caravana pelo interior do RJ

Freixo tem tido reuniões com vereadores e lideranças políticas de municípios do interior fluminense para aumentar a capilaridade de sua candidatura, além de encontros com o empresariado. As caravanas, que ganharam o nome fantasia de Movimenta Rio, são divulgadas nos perfis do deputado nas redes sociais.

Em todas essas viagens, Freixo também tem dado diversas entrevistas a TVs, rádios e publicações locais. O principal objetivo é desfazer uma imagem de radical difundida por adversários políticos nos seus anos de PSOL.

Segundo um de seus interlocutores, a pré-campanha focará no interior e na Baixada Fluminense, já que Freixo conta com um grande recall no Rio de Janeiro —onde teve duas votações expressivas para prefeito— e em Niterói, sua cidade natal.

Há um mês, na primeira viagem, Freixo foi ao Norte Fluminense, passando por três cidades. Esteve primeiramente em Campos dos Goytacazes —reduto político da família Garotinho. Lá, reuniu-se com o bispo da cidade, Dom Roberto Paz.

Em Macaé, conversou com lideranças políticas, sindicalistas e representantes da FUP (Frente Única dos Petroleiros). E, em Rio das Ostras, também se reuniu com políticos locais.

No fim de semana seguinte, esteve em Nova Friburgo, na Região Serrana. Lá, reuniu-se com o empresariado local na sede da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas), onde tratou de temas como recuperação econômica do estado e combate ao crime organizado. Também esteve com o Sindicato dos Agricultores do município, grande produtor de hortifrutigranjeiros.

Em Volta Redonda, no sul do estado, e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ele esteve com vereadores e lideranças dos partidos com os quais negocia.