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De saída do PSDB, Alckmin trabalha por Leite e atua para juntar PSD e União

Alckmin tem dois partidos como opção para disputar a eleição para o governo de São Paulo no ano que vem Imagem: 25.set.2021 - Bruno Rocha/Estadão Conteúdo

Lucas Borges Teixeira e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

17/10/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Ex-governador de SP ainda deve se decidir por filiação ao PSD ou União Brasil
  • Alckmin, porém, quer manter os dois em seu palanque, independente da escolha
  • Ainda no PSDB, tucano tem atuado pela candidatura de Eduardo Leite nas prévias

Enquanto planeja a candidatura para um quinto mandato à frente do governo de São Paulo e se prepara para deixar o partido que ajudou a fundar, Geraldo Alckmin (PSDB) tem atuado diretamente a favor do governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), nas prévias tucanas para a Presidência da República.

Enquanto ainda não se desliga do PSDB, ele deve permanecer na legenda até perto das prévias, que acontecem no fim de novembro. É uma estratégia para desgastar o atual governador paulista, João Doria (PSDB), cujas atitudes estão levando à saída de Alckmin do ninho tucano.

A espera para decidir seu novo partido também tem mais uma razão: dividido entre dois caminhos, ele tenta ficar com ambos. Alckmin conversa com PSD e União Brasil, partido que será formado com a fusão entre Democratas e PSL. Um deles deverá abrigar o político em uma nova disputa pela cadeira no Palácio dos Bandeirantes. Mas Alckmin não deseja que o outro fique de fora da aliança em torno de sua candidatura.

Apoio a Leite

Movimentos de Doria (à esquerda) têm afastado Alckmin do PSDB Imagem: 1º.jan.2017 - Adriano Vizoni/Folhapress

Pessoas próximas ao ex-governador contam que ele está passando por uma espécie de constrangimento sobre a data para deixar o partido. Se sair antes das prévias, a avaliação é que isso ajudaria Doria não só pela articulação interna, mas também pelo voto como ex-presidente do partido, que tem peso maior.

Caso saia depois e Leite ganhe, sua situação não muda tanto, mas representaria um ganho simbólico para o ex-governador —algo importante no meio político. Por outro lado, sair depois de uma vitória de Doria poderia ser visto como uma humilhação.

"Precisa ficar [até perto das prévias] para poder ajudar Eduardo Leite", diz o ex-deputado estadual Pedro Tobias (PSDB), aliado de Alckmin e que já presidiu o partido no estado. "Porque, se sai, turma vai falar: 'por que está pedindo voto para Eduardo Leite?' Essa estratégia [é] por causa da prévia nacional."

O UOL apurou que Alckmin ligou para um membro do PSDB paulista no Congresso Nacional e disse que está trabalhando pela candidatura do gaúcho. Publicamente, porém, o governador não se manifesta sobre as prévias nacionais. Questionado pela reportagem, ele negou taxativamente ter atuação em prol de uma das candidaturas nas prévias.

Neste domingo (17), Leite participa de mais um evento em São Paulo que contará com a ajuda de alckmistas. Tucanos independentes —que não são dos grupos de Alckmin e de Doria— devem anunciar apoio ao governador gaúcho, também de acordo com apuração do UOL. Nas últimas semanas, tucanos paulistas, como o vereador de São Paulo Xexéu Tripoli, já disseram que estarão com Leite.

Tem como ficar?

Com Leite mostrando-se competitivo contra Doria nas prévias, surgiu a sensação de que Alckmin poderia permanecer no partido, mas pessoas próximas ao ex-governador dizem que essa possibilidade é muito remota, quase descartada.

Isso em razão da candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB), atual vice-governador, que é dada praticamente certa, o que impediria o desejo de Alckmin de voltar ao Palácio dos Bandeirantes.

O ex-governador liderou a última pesquisa do Datafolha.

Entre as opções para abrigar Alckmin, o PSD parece como mais provável destino. Mas o surgimento do União Brasil, partido que terá o maior tempo no horário eleitoral e financiamento público, colocou em dúvida o que antes era certeza.

Interlocutores de Alckmin dizem que ACM Neto, secretário-geral do União Brasil, pediu para o ex-governador aguardar antes de tomar uma decisão enquanto o novo partido é constituído.

Na quinta-feira (14), o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, disse, em entrevista ao Estadão Broadcast, que estará com Alckmin independente do partido a ser escolhido pelo ex-governador.

"Essa questão partidária será resolvida pelo Geraldo Alckmin. Terá também o nosso respeito. Qualquer que seja o partido que ele esteja filiado, terá o nosso apoio como candidato a governador."

Alckmin (à esquerda) tem o PSD, de Gilberto Kassab (à direita), como opção de abrigo quando sair do PSDB Imagem: 25.set.2021 - Bruno Rocha/Estadão Conteúdo

"Todos juntos"

De acordo com uma pessoa próxima a Alckmin, ele está avaliando "como manter todos juntos", juntando PSD e União Brasil em torno de sua candidatura. A meta é fazer uma costura para que todos estejam no mesmo palanque.

A chapa deverá ter o ex-governador Márcio França (PSB) como vice, além de apoio de PV, Avante, Solidariedade e Rede.

Se não se filiar ao União Brasil, a costura talvez fique mais complicada. O novo partido conversa com o ex-juiz Sergio Moro para que ele seja candidato a presidente. Em São Paulo, ainda negocia com o MBL (Movimento Brasil Livre) para abrigar seus membros, o que implicaria na candidatura do deputado estadual Arthur do Val (Patriota) ao governo paulista. O MBL, porém, após a notícia da fusão, indicou que deve permanecer no Patriota.

"Vai ter mais gente conosco. O importante é formar uma frente grande com quadros competentes", disse Alckmin ao UOL na sexta-feira (15) após participar da convenção estadual do PV, onde também estiveram Kassab e França. Segundo o ex-governador, novidades sobre seu destino serão anunciadas "nas próximas semanas".

Tobias diz ser mais favorável a Alckmin no PSD, pois o União Brasil ainda está em formação. "No PSD, tem mais estabilidade para campanha. Lá [União Brasil] vai ter muita briga ainda." Tudo indica que o partido de Kassab será realmente o escolhido por Alckmin.

Alckmin participou da convenção estadual do PV na sexta, evento que também reuniu Gilberto Kassab (PSD) e Márcio França (PSB) Imagem: 15.out.2021 - Lucas Borges Teixeira/UOL

Pré-candidatura na rua

Participar de eventos menores tem sido uma prática de Alckmin para garantir apoios de partidos e grupos que compuseram ou não sua base nos 13 anos de Palácio dos Bandeirantes. Ele tem ido a reuniões sindicais, convenções de outros partidos (nenhuma do PSDB) e eventos diversos, onde é tratado como celebridade, disputado por selfies e conversas rápidas.

Trata todos com educação e lembra o nome e a cidade de origem de muitos. Na convenção do PV, recebeu mais promessas de apoio "onde quer que esteja".

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