Câmara reembolsou R$ 40 milhões em despesas médicas a deputados em 7 anos
A Câmara dos Deputados gastou R$ 40,4 milhões com reembolso de despesas médicas dos deputados entre janeiro de 2015 e junho deste ano, mesmo eles tendo direito a um plano de saúde e serviço médico oferecido pela Casa.
Os dados foram levantados pela liderança do partido Novo, que é contra o uso de verbas indenizatórias. No documento, o partido listou cinco razões pelas quais a política deveria ser extinta.
A título de comparação, o valor é quatro vezes maior do que a previsão de gastos com investimentos da CGU (Controladoria-Geral da União), principal órgão de combate a corrupção do governo federal, para este ano; e equivalente à previsão de gastos com investimentos do governo com conservação e preservação ambiental para o ano de 2021.
A quantia também é, segundo o estudo do partido, superior à previsão de investimentos de construção e ampliação de UBSs (unidades básicas de saúde) — R$ 25,5 milhões —, e ao total de investimentos com a estruturação da Rede Cegonha, cuja finalidade é reduzir a mortalidade materna e infantil — R$ 25,8 milhões.
O levantamento mostra ainda que os gastos são mal distribuídos, ou seja, poucos deputados gastam muito com despesas médicas, enquanto muitos gastam pouco ou sequer gastam. Os gastos de dez deputados (no total a Câmara tem 513) somaram R$ 12,9 milhões desde 2015, o equivalente a 32% (um terço) do total registrado de gastos. O documento, no entanto, não informa quem são esses parlamentares.
"Considerando a realidade brasileira, vale pontuar que sete em cada dez brasileiros, ou mais de 150 milhões de pessoas, dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) para tratamento. Enquanto nossos parlamentares possuem acesso à plano de saúde específico, à infraestrutura do Departamento Médico - localizado em Brasília - e ao reembolso aqui dimensionado, a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, divulgada em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, demonstra que 71,5% do brasileiros não têm acesso à saúde suplementar", diz um trecho do documento.
Entre os motivos pelos quais defende a extinção da política, o Novo ainda cita que ela aumenta as chances de ocorrência de fraudes e corrupção, "por possibilitar movimentações financeiras diretas entre a Câmara e os parlamentares em contextos em que a verificação dos reais valores praticados pelos intermediários - no casos os hospitais e profissionais de saúde - é extremamente difícil".
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