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Kajuru acusa senador de oferecer R$ 100 mi em emendas por apoio a Bolsonaro

01 fev. 2021 - O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) fez acusações contra outro parlamentar Imagem: GABRIELA BILó/ESTADÃO CONTEÚDO

Beatriz Gomes

Do UOL, em São Paulo

22/10/2021 09h43Atualizada em 22/10/2021 20h44

O senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) acusou o senador Eduardo Gomes (MDB), líder do governo no Congresso, de oferecer, em uma suposta conversa informal, R$ 100 milhões em emendas parlamentares, para ele deixar de ser crítico em relação ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As declarações do parlamentar foram dadas à revista Crusoé.

Kajuru disse à revista que a suposta declaração de Gomes teria ocorrido para o seu assessor de orçamento. Apesar das afirmações, o senador do Podemos não apresentou provas das acusações. Em nota enviada ao UOL, o líder do governo disse que não enviou recados a Kajuru via assessoria.

Agora, eu te digo que o meu assessor de orçamento ouviu da boca do senador Eduardo Gomes (líder do governo no Congresso), de quem eu gosto, e que é muito educado, o seguinte: 'O Kajuru podia ter 100 milhões (de reais) em emendas. Fala para o Kajuru mudar, não bater no governo desse jeito'.
Jorge Kajuru (Podemos-GO), em entrevista à revista Crusoé

Em nota, a assessoria de Eduardo Gomes afirmou que ele "respeita o senador Kajuru por suas posições e sua história, tendo sempre mantido com ele diálogo republicano de alto nível, de maneira direta, sem precisar enviar recados via assessoria. Todas às vezes que o senador Kajuru votou com o governo, o fez por convicção", declarou o senador.

Já Kajuru relatou que, ao ser informado da suposta oferta, foi conversar com Gomes e falou: "Vou fingir que você não falou isso porque, se tivesse falado comigo, eu teria gravado e colocado no ar".

Segundo o senador do Podemos, ele mesmo tem verbas oficiais e legais que totalizam R$ 27 milhões e qualquer quantia acima é preciso explicar à sociedade como o parlamentar conseguiu essa verba. Ele ainda questionou como há parlamentares que conseguem valores muito altos em emendas.

"Como é que tem senador que conseguiu 150 milhões para o Rio Grande do Sul, como o [Luis Carlos] Heinze? Como tem senador que conseguiu 200 milhões para o Amapá, como o Davi [Alcolumbre]? Isso tudo tinha que ser absolutamente esclarecido. Isso tudo o presidente sabe. Aí está a responsabilidade dele, grave, de ter comandado tudo. Não tem desculpa."

Relação com Bolsonaro

Kajuru revelou que não falou mais com Bolsonaro após a divulgação de um trecho da conversa com o chefe do Executivo, que foi gravada pelo parlamentar, em abril. O diálogo aconteceu às vésperas da instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, que investiga a condução do combate à pandemia no Brasil pelo governo federal.

Na gravação (leia a íntegra da conversa aqui), o presidente dá a entender que, caso houvesse pedidos de impeachment contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), a instalação da comissão para apurar as ações do governo na pandemia poderia ser interrompida.

Meses depois, em agosto, Bolsonaro apresentou ao Senado o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Dias após a solicitação do chefe do Executivo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu rejeitar o pedido de impeachment apresentado contra Moraes.

"Não foi um rompimento, foi um distanciamento, porque antes eu ainda falava com ele por telefone. Depois desse episódio, nunca mais falei com ele. Não tenho nada para falar com ele. Não sou oposição por oposição, do quanto pior melhor. Quero que ele melhore o governo, que está um desastre. Mas como conversar com quem age assim e coloca o time de fanáticos, o chamado gado, contra você, te execrando nas redes sociais?", disparou Kajuru.

O senador ainda disse que atual mandatário, a quem classificou como alguém que "tem compulsão por mentira", "está copiando" o ex-presidente Lula (PT) em diversas de suas ações e afirmou que ambos "são parecidíssimos no populismo".

Para o parlamentar, Bolsonaro e Lula são parecidos até ao dizerem que não sabem de corrupção. "Os dois são tão parecidos que 40% da população não votariam em nenhum dos dois e esperam na terceira via uma nova opção."

De acordo com o senador, orçamentos paralelos repassados através de emendas parlamentares foi o que "de mais triste ocorreu no governo Bolsonaro" por significar corrupção. O político ainda criticou Bolsonaro por nomear o líder do Centrão Ciro Nogueira (PP) como ministro-chefe da Casa Civil.

"São bilhões gastos, compra de votos, compra de emendas, e Bolsonaro não tem como falar que não sabia. Ele tem que ser responsabilizado por isso. O presidente entregou a chave do cofre para o Centrão, colocando na Casa Civil um homem como Ciro Nogueira, que representa negócio, tanto que já disse que é um homem do povo e que, se amanhã tiver que ficar ao lado do Lula, ele fica. Olha o que o Bolsonaro aceita do lado dele", finalizou.

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