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Policial conhecido como 'hipster da federal' morre após tentar invadir casa

Do UOL, em São Paulo

03/03/2022 10h34Atualizada em 04/03/2022 13h01

O policial federal Lucas Valença, 36, morreu na noite de ontem após tentar invadir uma casa na região rural de Buritinópolis, em Goiás. Em 2016, ele ficou conhecido como "Hipster da Federal" e também como "Lenhador da Federal" ao escoltar o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB).

Segundo relatos de amigos e parentes de Lucas Valença, o policial federal estava em surto psicótico desde o dia 2 de março. O UOL aguarda retorno da Polícia Federal para saber se Valença estava afastado.

Em boletim de ocorrência da Polícia Militar, ao qual o UOL teve acesso, o morador da casa de Buritinópolis, que atirou em Lucas Valença, afirmou estar com a esposa e a filha de 3 anos quando escutou barulhos ao redor da casa e uma pessoa gritando que "havia um demônio" no imóvel.

Segundo o morador, Lucas Valença desligou o disjuntor de energia e conseguiu arrombar a porta. No escuro, relatou o morador, ele pediu para que o homem fosse embora, mas a movimentação continuou.

O morador diz ter efetuado um disparo de espingarda na direção do invasor, sem saber se havia acertado. Aos policiais militares, o homem afirmou que agiu em legítima defesa para proteger sua família.

Após religar a energia, o morador percebeu que havia atingido o homem abaixo do peito. Ele ligou para a Polícia Militar às 23h30, que acionou uma ambulância para prestar socorro médico. A morte de Lucas Valença foi confirmada no local.

O morador da casa de Buritinópolis não tinha autorização para posse de arma. A espingarda foi recolhida pela Polícia Militar e ele foi encaminhado para a delegacia responsável, prestou depoimento e foi liberado depois.

Aparições na TV e investigação

Valença chamou a atenção ao aparecer ao lado de Eduardo Cunha em imagens que rodaram o Brasil. O ex-deputado foi preso no âmbito da Operação Lava Jato em 2016.

lucas - Pedro Ladeira/Folhapress - Pedro Ladeira/Folhapress
19.out.2016 - Lucas Valença (à esq.) acompanha o embarque do ex-deputado Eduardo Cunha para Curitiba, no dia em que o político foi preso pela Polícia Federal em Brasília
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Em posts em seu perfil nas redes sociais antes da fama, ele declarou voto em Aécio Neves (PSDB) nas eleições de 2014 e sugeriu que a vitória de Dilma Rousseff (PT) foi fraudada.

Após a repercussão, agentes da PF receberam a orientação de ir mascarados à escolta de Cunha para o IML (Instituto Médico Legal) no dia seguinte à prisão. A última polêmica surgiu após o agente ter participado dos programas "Encontro", da TV Globo, e "Programa do Porchat", da TV Record, o que teria desagradado a PF.

Segundo o regulamento interno da corporação policial, é proibido esse tipo de autopromoção. Valença foi informado que estava violando o estatuto desde que foi ao programa da Globo e, em 2016, uma investigação foi aberta sobre o caso.

  • Veja as notícias do dia no UOL News com Fabíola Cidral: