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Oposição cobra explicação do governo sobre destruição de programa alimentar

Mulher e cachorro buscam comida nos restos de feira em São Mateus, na zona leste de São Paulo - Geraldo Magela/Agência Senado
Mulher e cachorro buscam comida nos restos de feira em São Mateus, na zona leste de São Paulo Imagem: Geraldo Magela/Agência Senado

Camila Turtelli

Do UOL em Brasília

06/06/2022 16h23

Parlamentares de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PL) querem que o Executivo explique a destruição do principal programa voltado à agricultura familiar e distribuição de alimentos para pessoas em insegurança nutricional, como revelado pelo UOL hoje (6).

Ao mesmo tempo em que a fome atingiu patamares recordes no Brasil, com fila de pessoas em busca de osso para comer, o governo federal praticamente zerou o orçamento programa, hoje chamado de Alimenta Brasil. Sem recurso, cooperativas encerraram suas atividades e projetos assistenciais reduziram a qualidade da comida oferecida para famílias carentes, crianças em creches e idosos em acolhimento.

O Alimenta Brasil chegou a ter em 2012 a aplicação de R$ 586 milhões do orçamento federal. Em 2021 foram R$ 58,9 milhões e, até maio deste ano, apenas R$ 89 mil.

"Mesmo vendo o povo brigar até por osso, Bolsonaro destruiu o Alimenta Brasil, que era voltado para a compra da produção agrícola de famílias e doação de comida para pessoas em situação de insegurança alimentar", escreveu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, nas redes sociais. Ele prepara um requerimento de informação ao governo sobre o tema.

Como funciona o programa - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Na Câmara, a deputada Fernanda Melchiona (PSOL-RS) enviou questionamentos oficiais ao Ministério da Cidadania. "Quais as razões de oportunidade e conveniência do Governo Federal que justificam a redução drástica do orçamento dedicado a estes programas?", questiona ela no documento.

O Ministério da Agricultura e a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) foram procurados pela reportagem, mas responderam que a execução orçamentária do programa é de responsabilidade do Ministério da Cidadania. A pasta, por sua vez, não respondeu aos questionamentos do UOL até a publicação desta reportagem. O posicionamento será incluído, caso seja enviado.

"Além de deixar de estimular o trabalho dos agricultores familiares, o governo impõe às famílias mais pobres seguirem neste cenário de fome", escreveu a deputada Alice Portugual (PCdoB-BA). A Câmara realiza amanhã uma audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família, onde o Alimenta Brasil deve ser discutido, segundo Portugal.