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Youtube remove canal de fundação do Itamaraty que já divulgou fake news

Palácio Itamaraty - Ueslei Marcelino
Palácio Itamaraty Imagem: Ueslei Marcelino

Colaboração para o UOL

27/06/2022 21h57Atualizada em 27/06/2022 23h57

O Youtube removeu o canal da Funag (Fundação Alexandre de Gusmão), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. Em 2020, um vídeo do órgão já havia sido excluído da plataforma por disseminar desinformação em relação à pandemia da covid-19.

Por meio de nota, a Funag afirma que foi alvo de invasão no sábado (25), quando um conteúdo indevido foi veiculado no canal sob um perfil falso intitulado "Microstrategy". Segundo o órgão, foram tomadas providências junto ao Youtube para solicitar a recuperação da página, e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) também foi acionado para cumprimento dos protocolos de segurança.

"O conteúdo do canal conta com backup e poderá ser novamente divulgado, seja no canal recuperado, seja em um novo canal a ser criado. A equipe técnica está trabalhando em ambas as alternativas, de modo a encontrar a solução mais rápida e que melhor atenda às necessidades do Itamaraty, da Funag e do público", diz o comunicado.

Procurada pelo UOL, a assessoria de comunicação do Youtube disse que o caso está sob análise, mas ressaltou que todos os conteúdos postados na plataforma precisar seguir suas diretrizes. "E contamos com uma combinação de inteligência de máquina, revisores humanos e denúncias de usuários para identificar material suspeito e agimos sobre aqueles que estão em desacordo com nossas políticas."

Palco de fake news

Reportagem do UOL de outubro de 2020 mostrou que a Funag realizava uma série de seminários questionando evidências científicas e colocando em suspeição a palavra de cientistas, médicos e jornalistas. Havia ainda críticas às instituições internacionais como a OMS (Organização Mundial da Saúde), questionamento das medidas de proteção e críticas a prefeitos e governadores.

Os eventos semanais tinham como objetivo discutir os desafios e perspectivas para o Brasil no pós-pandemia. Especialistas em política internacional ouvidos pela reportagem, contudo, enxergaram uso político do Itamaraty e uma tentativa de politizar a pasta como já ocorreu com outros ministérios. Os vídeos eram transmitidos nos canais da Funag e retransmitidos por blogs de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em uma palestra no dia 3 de setembro daquele ano, por exemplo, um dos palestrantes diz que máscaras são perigosas para pessoas saudáveis: "A máscara não só é inócua no combate à pandemia mas ela é também nociva, causa problemas de saúde". A informação é falsa: o uso correto das máscaras reduz a quantidade de partículas virais expelidas e, portanto, ajuda a conter o avanço da pandemia.