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Pré-candidatos do Novo são impedidos de dar palestra na Unicamp; veja vídeo

Sara Baptista

Do UOL, em São Paulo

30/06/2022 12h31Atualizada em 30/06/2022 12h57

Três pré-candidatos do partido Novo alegam terem sido expulsos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) ontem, onde realizariam uma palestra sobre cotas e financiamento de universidades públicas, organizado pela UJL (União Juventude e Liberdade).

O vereador de São Paulo Fernando Holiday, o ex-chefe de gabinete do Novo na Câmara de São Paulo Lucas Pavanato e o economista Leonardo Siqueira teriam sido impedidos por manifestantes de realizar o evento. Holiday e Siqueira são pré-candidatos a deputado federal e Pavanato é pré-candidato a deputado estadual.

Os três compartilharam vídeos da confusão em suas redes sociais. Nas imagens, é possível ver que eles foram cercados por manifestantes que tocavam tambores e entoavam músicas de protesto. Em alguns momentos, houve um empurra-empurra.

A ação foi atribuída a membros da UJC (União da Juventude Comunista), corrente do movimento estudantil associada ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) e que compõe o DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Unicamp.

"Triste a Unicamp nos recepcionando assim", escreveu Leonardo Siqueira. "Esse tipo de acontecimento só me dá mais forças para seguir. Não me calarei", disse Holiday.

O Novo enviou uma nota à reportagem afirmando que condena veementemente os atos. "O ambiente acadêmico deveria ser aberto à pluralidade de ideias, onde a cordialidade e o respeito ao contraditório deveriam prevalecer", diz o texto. "O partido se solidariza com seus membros, e espera que a Unicamp tome as devidas providências para evitar que episódios semelhantes se repitam no futuro", completa.

A UJL, organizadora do evento, escreveu: "Nos chamam de fascistas enquanto NÃO PERMITEM QUE HAJA DIÁLOGO e gente que pensa diferente NA MESMA UNIVERSIDADE PÚBLICA."

O pré-candidato do Novo à presidência, Felipe D'Ávila, também se manifestou sobre o ocorrido: "Essa turma da esquerda, que adora chamar os outros de fascista, deixaria Mussolini orgulhoso."

Nas suas redes sociais, a UJC defendeu a ação da noite de ontem: "Não daremos um minuto de trégua aos responsáveis por fazer com que a nossa classe tenha que enfrentar a fome, o desemprego, a miséria e o sofrimento psíquico. O neoliberalismo não se debate, se destrói!"

O DCE da Unicamp também compartilhou imagens em suas redes sociais exaltando a ação. "O Diretório Central dos Estudantes (DCE), em conjunto com es estudantes e coletivos recepcionaram os racistas e fascistas do MBL que ousaram vir na Unicamp hoje!", diz a legenda no Instagram.

Fernando Holiday ganhou notoriedade como membro do MBL (Movimento Brasil Livre) ainda em 2015, durante os protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT). No entanto, ele deixou o grupo no início do ano passado.

A UJL defende ideias liberais, como a cobrança de mensalidade em universidades públicas. Já a UJC apoia ideais comunistas e defende a implantação de cotas nas universidades.

Procurada pelo UOL, a Unicamp frisou que não participou da organização do evento e que "estabeleceu-se historicamente como um espaço dedicado ao debate de ideias, onde as divergências sempre estiveram subordinadas ao respeito às diferenças, inclusive no campo ideológico".

"Nesse contexto, a Universidade condena quaisquer atos que, em detrimento do debate democrático, resultem em manifestações de violência."

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