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Em debate, Onyx tenta colar em Bolsonaro; Leite é criticado por renúncia

Candidatos ao governo do Rio Grande do Sul no debate da Band-RS - Divulgação/Band-RS
Candidatos ao governo do Rio Grande do Sul no debate da Band-RS Imagem: Divulgação/Band-RS

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

08/08/2022 00h09

No primeiro debate para governo do Rio Grande do Sul, realizado hoje pela afiliada local da Band, a busca do ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) em colar a sua candidatura ao presidente Jair Bolsonaro e críticas à renúncia pelo ex-governador Eduardo Leite (PSDB) protagonizaram o encontro entre os candidatos gaúchos.

Além de Onyx e Leite, o debate contou com a presença de outros seis dos dez candidatos que concorrem ao pleito: Luis Carlos Heinze (PP), Edegar Pretto (PT), Vieira da Cunha (PDT), Vicente Bogo (PSB), Ricardo Jobim (Novo) e Roberto Argenta (PSC). O jornalista Oziris Marins mediou o encontro entre os candidatos (confira aqui as regras do debate da Band para governador).

Onyx se apresenta como candidato de Bolsonaro no RS

Ex-ministro no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), Onyx Lorenzoni se apresentou no debate como o candidato do mandatário do Planalto.

Logo em sua primeira fala, afirmou que traz para o pleito a opção de modelo de gestão de Bolsonaro.

"O que trago são escolhas. Escolhas que foram feitas por Jair Bolsonaro em seu governo, que ajudei a construir. As escolhas de ficar ao lado das pessoas em todos os momentos. Enfrentamos duas guerras, a sanitária e da Rússia contra a Ucrânia. Quais são os resultados de ficar ao lado das pessoas? O Brasil voltou a ser a 10ª economia do mundo, apesar das narrativas, e está entre os 20 países mais desenvolvidos. Temos o maior número de empregados da sua história, com 98 milhões de pessoas trabalhando. Aqui e em outros lugares se fez outras escolhas. Eu vou sempre ficar ao lado da população gaúcha", afirmou.

Ao se apresentar como candidato de Bolsonaro, Onyx, por outro lado, virou alvo de ataques de candidatos de partidos de esquerda.

Ao dizer que o Brasil era o "país ocidental que mais havia vacinado" contra a covid-19, Onyx foi rebatido pelo pedetista Vieira da Cunha, que chamou o presidente de "negacionista". Ele creditou aos servidores do SUS (Sistema Único de Saúde) o avanço da vacinação.

"Tu reproduz uma narrativa da esquerda para atacar o presidente, que teve o melhor desempenho do tratamento da pandemia do mundo ocidental. O presidente foi quem financiou os estados [na pandemia]. Qual estado conseguiu comprar uma dose de vacina? Aqui no Rio Grande, o atual governo conseguiu aprovar a manutenção do ICMS para comprar vacina. Comprou uma dose? Claro que não", disse Onyx, em defesa a Bolsonaro.

Já o petista Edegar Pretto criticou Onyx, dizendo que o candidato "estava mais preocupado em fazer passeio de moto com o capitão gastando dinheiro com o cartão corporativo" da Presidência da República do que se opor ao modelo de gestão do governo Eduardo Leite nos últimos anos.

O petista ainda chamou Onyx de "caixa dois confesso", em referência ao processo no qual o candidato do PL pagou R$ 189 mil em um acordo para encerrar uma acusação de recebimento ilegal de financiamento de campanha.

"Eu não devo nada para a Justiça. Essa mistura que tu faz não pega em mim. Vocês [do PT] tinham um projeto de poder, e nós temos um projeto de nação. Vocês roubaram o estado brasileiro e nós servimos ao projeto brasileiro e ao povo gaúcho", rebateu Onyx.

Renúncia de Leite é criticada

Candidato tucano ao Palácio Piratini, Eduardo Leite virou alvo de críticas por ter renunciado em março de 2022 para tentar concorrer à Presidência da República.

Luis Carlos Heinze (PP) afirmou que a renúncia e entrada para disputa ao governo "é uma encenação".

"Leite se elegeu dizendo que não concorreria à reeleição. Fez assim em Pelotas e cumpriu. Aqui foi diferente. Ele renunciou para concorrer ao governo federal. Era legítimo. Acabou não conseguindo a vaga dentro do seu partido, perdeu nas prévias e daqui a pouco chega ao Rio Grande do Sul e hoje é nosso concorrente. Nós estranhamos essa posição. Disse uma coisa e não fez. É legítimo concorrer. Sai do governo, leva a aposentadoria, a sociedade pressiona e renuncia a aposentadoria. É uma encenação", afirmou.

Pretto adotou a mesma linha de crítica contra Leite: "A palavra para o gaúcho é inegociável. O governador disse que não concorreria à reeleição e está concorrendo. Renunciou ao mandato sem dizer para o quê, em um momento em que 25 mil empresas estão fechando as portas".

Em crítica direta a Leite, Onyx afirmou que o governo do tucano "priorizou um projeto de poder" pessoal.

"Seu governo priorizou um projeto de poder, que era o seu. Existe honra maior para um gaúcho do que governar o Rio Grande do Sul? O senhor renunciou em busca de um sonho presidencial que já sabia que estava derrotado. O Rio Grande do Sul não é importante? O Rio Grande quer homens de valores, não quer marketing, não quer compra de opinião", frisou.

Leite, por outro lado, não comentou sobre a renúncia, mas disse que optou por abrir mão da aposentadoria de ex-governador para discutir propostas durante a eleição, e não ao benefício, que é garantido em lei.

Leite liderou última pesquisa

Na última pesquisa Real Time Big Data contratada pela Record TV e divulgada em 28 de julho, Eduardo Leite aparecia em primeiro numericamente, com 28%. Considerando a margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, o ex-governador empatava com o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), que aparecia com 24%.

Edegar Pretto (PT), com 9%, figurava em terceiro, tecnicamente empatado com Pedro Ruas (PSOL), com 5%. Na sequência vinham Luis Carlos Heinze (PP), com 4%; Beto Albuquerque (PSB), com 3%; e Vieira da Cunha (PDT), com 2%. Branco/Nulo somava 10%, o mesmo percentual para Não sabe/Não respondeu.

A pesquisa ouviu 1.500 eleitores do Rio Grande do Sul entre 26 e 27 de julho. A confiabilidade, segundo o instituto, é de 95%. A pesquisa custou R$ 20.000 e foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número RS-04275/2022. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, Luis Carlos Heinze é filiado ao PP, e não ao Republicanos. O texto foi corrigido.