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Aliado de Bolsonaro, Roberto Jefferson propõe criminalizar 'cristofobia'

26.fev.2021 - Presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, em Curitiba (PR) Imagem: Eduardo Matysiak/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

12/08/2022 23h12Atualizada em 12/08/2022 23h25

O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), se registrou como candidato à presidência da República no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para disputar o pleito deste ano. No plano de governo de 12 páginas, Jefferson propõe a criminalização da "cristofobia" (aversão a Cristo e ao cristianismo em geral). O político bolsonarista também declarou à Corte ter um patrimônio de R$ 745 mil.

Roberto Jefferson teve a prisão preventiva decretada em agosto de 2021 por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), acusado de tumultuar o processo eleitoral, proferir discursos de ódio e atacar instituições democráticas. Desde janeiro, Jefferson cumpre prisão domiciliar sob algumas exigências, entre elas, fazer o uso de tornozeleira eletrônica e não fazer "qualquer comunicação com o exterior".

Em uma linha do plano de governo, na seção de "aspecto político", Jefferson cita: "Criminalização da Cristofobia". O político, no entanto, não detalha ações práticas para combater a "cristofobia".

Em 2020, Bolsonaro pediu à comunidade internacional para combater o que chamou de "cristofobia" durante o discurso na 75ª edição da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). "A liberdade é o bem maior da humanidade. Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia", afirmou à época. Candidato à reeleição, o presidente foca a agenda de campanha na população evangélica — grupo tido como um dos mais essenciais nas eleições de outubro.

Assim como Bolsonaro, Jefferson também defende a posse e o porte de armas de fogo.

Confira outras propostas disponíveis no plano de governo do candidato do PTB:

  • Proibição da legalização, do plantio, cultivo e venda da maconha no país;
  • Reformulação, revisão e simplificação das leis trabalhistas, visando facilitar seu entendimento, aplicação e permanente atualização em relação às necessidades da realidade do mercado de trabalho em um mundo de mudanças cada vez mais rápidas;
  • Gratuidade para educação pré-escolar, ensino fundamental, médio e técnico de segundo grau. O Estado poderá participar do ensino superior, mas terá de ser reembolsado pelos formados; e erradicação do analfabetismo;
  • No meio ambiente, o presidenciável prega ser "imprescindível que a exploração dos recursos naturais seja feita de maneira racional, estabelecendo-se a conservação e o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente".
Das 12 páginas do programa de governo, duas são apenas para explicar a história do PTB.

Dados mostram que a umbanda e o candomblé são os principais alvos de intolerância

Apesar de presente no plano de governo de Jefferson e citada por Bolsonaro em 2020, dados divulgados pelo Disque 100 mostram que, no Brasil, a maior parte das denúncias feitas por vítimas de intolerância religiosa é registrada contra a umbanda e o candomblé.

De acordo com uma pesquisa feita pelo UOL, na qual foram ouvidos historiadores, sociólogos, pais de santo, padres e pastores evangélicos, os maiores alvos são mesmo as religiões de matriz africana — o que leva a crer que existe um preconceito estrutural, além de racismo e xenofobia nesses movimentos de ódio contra crenças africanas.

A xenofobia e o racismo têm sido vistos mais ativamente quando se fala em intolerância religiosa. Terreiros e centros de umbanda e candomblé são alvos mais constantes, além dos ataques contra muçulmanos, por exemplo.

Ainda assim, durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Bolsonaro pediu o combate o que ele chamou de "cristofobia".

Apesar da ideia de que existe um ataque massivo às religiões cristãs, como a religião evangélica, pedir a "criminalização da cristofobia" é equivocada quando se mensura os ataques sofridos pelas vítimas da umbanda e do candomblé em comparação com outras religiões.

*Com reportagem de Ana Bardella, e Lorraine Perillo, em colaboração para o UOL

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