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Alckmin é recebido por Bolsonaro e ouve 'compromisso' sobre transição

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

03/11/2022 17h31Atualizada em 03/11/2022 18h42

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), comentou hoje o encontro que teve durante a tarde com o presidente e candidato à reeleição derrotado, Jair Bolsonaro (PL). Segundo o vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vitorioso no último domingo (30/10), o atual chefe do Executivo —cujo mandato vai até 31 de dezembro— reiterou os "compromissos em relação à transição" e disse que vai colaborar.

"Foi positivo. O presidente [Bolsonaro] convidou. Nós já estávamos saindo já. Para que fosse até lá ao seu gabinete", relatou Alckmin. "E reiterou o que disse o ministro Ciro Nogueira e o ministro general Ramos, da disposição do governo federal de prestar todas as informações, colaborações, para que se tenha aí uma transição pautada pelo interesse público."

As declarações ocorreram depois de uma reunião entre Alckmin e o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), ministro Bruno Dantas, no fim da tarde. O encontro com Bolsonaro ocorreu antes disso, no Palácio do Planalto, e não estava previsto.

"O presidente [Bolsonaro] fala depois o teor da conversa. Mas foi, em resumo, reiterar os compromissos em relação à transição. Pautada na transparência, na continuidade dos trabalhos, no planejamento, na previsibilidade", completou o vice-presidente eleito, após ser indagado se Bolsonaro havia o parabenizado pela vitória no último domingo (30/10).

Primeira visita ao Planalto. Alckmin fez hoje a primeira visita ao Palácio do Planalto, sede do Executivo, em Brasília. Em entrevista à imprensa, o ex-governador de SP afirmou que o trabalho da equipe de transição começará efetivamente na próxima segunda-feira (7) —quando Lula retornará da folga pós-eleição.

Além disso, criticou os protestos de apoiadores insatisfeitos com a derrota nas urnas do presidente e postulante à reeleição, Jair Bolsonaro.

Segundo Alckmin, escalado por Lula para coordenar o processo de transição, o bloqueio de rodovias promovido pela militância bolsonarista, no último domingo (30/10), fere "o direito de ir e vir". Na visão dele, é necessário atribuir responsabilidades, pois os protestos geram prejuízos para a população.

"O direito de ir e vir é sagrado. Não é possível impedir as pessoas de se locomover. É grave. Você pode comprometer a saúde das pessoas, o abastecimento, os hospitais, transplante, vacina, alimentação, combustível. Prejuízo!", exclamou ele.

A pergunta é: quem vai pagar esses prejuízos? Quem paga isso? Quem vai ser responsabilizado por esses prejuízos. Uma coisa é manifestação. Outra é limitar o direito de ir e vir das pessoas
Geraldo Alckmin (PSB)

Outros cumprimentos. Alckmin definiu como "proveitosa e objetiva" a primeira conversa com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), com o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, e com uma equipe de assessores do governo Bolsonaro.

O vice eleito afirmou ainda que o general Ramos cumprimentou a equipe de Lula pela vitória e "desejou um ótimo trabalho".

"Nós deveremos começar a partir de segunda-feira da próxima semana. Todo o fluxo de informações foi conversado, vamos encaminhá-la para o ministro Ciro Nogueira, e a transição instalada com objetivo da transparência, planejamento, de continuidade dos serviços prestados à população e que a gente possa, nesse período, ter todas as informações e poder dar continuidade aos serviços e nos prepararmos para a posse."

Oficialmente, serão 50 pessoas com cargos que trabalharão no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) em Brasília a partir da próxima semana. Alckmin não descartou mais nomes, mas como voluntários.

Alckmin destacou que os partidos que apoiaram Lula no 1º e 2º turnos das eleições também integrarão o grupo de trabalho.

Pedidos de 'intervenção federal'. Indagado sobre as manifestações pró-golpe realizadas nesta quarta-feira (2) em favor de Bolsonaro, o ex-governador de São Paulo chamou o movimento de "totalmente despropositado".

"Isso é totalmente despropositado. Tão despropositado que não merece nem comentário."

Transição. Alckmin afirmou que o presidente Lula é o responsável por "comandar todo o processo de transição" e que ele deve colocar a mão na massa já na próxima segunda.

"Ele é o presidente. Ele que comanda todo o processo. Ele tirou uns dias merecidos de descanso, está voltando no domingo e, na segunda-feira, já teremos um conjunto de reuniões de trabalho para poder avançar na transição."

O novo vice-presidente disse ainda que a presidente do PT, Gleisi Hoffman, que o acompanhou na visita ao Planalto, está responsável por negociar com os partidos aliados a composição do novo governo. Questionado se a coalizão poderia incluir siglas de centro e até mesmo de direita, Alckmin disse não descartar a hipótese.

"Poderá, sim, poderá."