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CPI do 8/1: governistas se dividem em núcleos e estudam chamar Bolsonaro

Governistas avaliam chamar Jair Bolsonaro para depor na CPI de 8 de janeiro - CLEBER VALERA/ESTADÃO CONTEÚDO
Governistas avaliam chamar Jair Bolsonaro para depor na CPI de 8 de janeiro Imagem: CLEBER VALERA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em Brasília

25/05/2023 14h34Atualizada em 25/05/2023 15h27

Preocupado em controlar a condução da CPI de 8 de janeiro, o governo Lula (PT) dividiu seus deputados em núcleos de investigação. Um dos eixos da apuração é sobre mentoria intelectual das invasões e a intenção é reunir informações para chamar membros de alto escalão do governo Jair Bolsonaro (PL), incluindo o próprio ex-presidente.

O que está acontecendo

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) já encomendou um estudo técnico sobre as regras regimentais para convidar ou convocar Bolsonaro para depor. A convocação torna a presença obrigatória. Mas chamar o ex-presidente não seria uma intenção de curto prazo.

O plano é reunir uma série de informações que conduzam a investigação na direção de Bolsonaro, afirmou Rogério Correia, que integra o núcleo de mentoria intelectual. Serão requisitados eventuais indícios que o STF (Supremo Tribunal Federal) colheu contra o ex-presidente. Somente com este material em mãos, seria viável um requerimento para o ex-presidente depor.

A construção desta condição para Bolsonaro comparecer à CPI depende de costurar diferentes episódios e associá-los ao ex-presidente. A lista inclui os seguintes fatos:

  • Não reconhecimento da derrota nas eleições.
  • Fechamento de rodovias depois da eleição.
  • Não condenar acampamentos que pediam intervenção militar e ficavam em frente a quartéis.
  • Queima de veículos em Brasília no dia da diplomação de Lula no TSE.
  • Colocação de uma bomba num caminhão-tanque estacionado perto do aeroporto de Brasília.

Caso a apuração de todos estes fatos se conecte com Bolsonaro, a possibilidade pedir seu depoimento ganha força.

Quem certamente não vai se livrar de dar explicações é Anderson Torres. Ele foi ministro da Justiça do ex-presidente, era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no dia das invasões e guardava a minuta de um golpe de Estado em sua casa.

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Em caso de convocação de Bolsonaro, os filhos Eduardo e Flavio podem assumir uma vaga na CPI
Imagem: @BOLSONAROSP VIA INSTAGRAM

Trabalho direcionado de investigação

Esta intenção do governo em ter a imagem de Bolsonaro depondo numa CPI depende do sucesso dos núcleos de investigação que serão criados. O deputado Rubens Pereira Júnior disse que são três eixos de trabalho:

  • Participantes das invasões em 8 de janeiro.
  • Financiadores que bancaram o acampamento em frente ao QG do Exército e os ônibus para Brasília.
  • Mentores intelectuais que convenceram as pessoas a pedir golpe. Bolsonaro estaria neste núcleo.

O deputado Pereira Júnior vai usar o relatório do interventor Ricardo Cappelli como base e cobrar respostas das Forças Armadas e da Polícia Militar do Distrito Federal sobre suas atuações no dia 8 de janeiro.

Ele acrescentou que Cappelli e o ministro da Justiça, Flávio Dino, podem depor. Se isto ocorrer, a oposição vai tentar pressionar esta dupla, mas o governo planeja usar sua maioria na CPI para fazer perguntas que comprometam o governo Bolsonaro.

O alvo principal de Pereira Júnior será a PM do Distrito Federal, que, na sua avaliação sofreu um apagão que foi decisivo para invasão do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF.

Hora que solucionou o apagão, desocupou os Palácio [do Planalto], afirma o deputado Pereira Júnior.

Respostas à CPI do MST

Parlamentares do PT ainda falam em usar a CPI de 8 de janeiro para revidar "loucuras" efetivadas pela oposição na CPI do MST. Na prática, ataques desferidos ao governo Lula na comissão que é liderada por ruralistas e a oposição, ou convocações que causem constrangimento ao Planalto, serão respondidos na CPI do das invasões.

O chamado de Bolsonaro pode ocorrer neste contexto. Ocorre que isto causaria forte repercussão nos trabalhos. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) são suplentes na comissão e podem assumir vagas para liderar uma reação enérgica enérgica da oposição.

Outra possível frente de atrito é que será solicitado à Justiça a lista de deputados federais e senadores investigados pelas invasões. A ideia é saber se parlamentares da oposição que integram a CPI figuram nos inquéritos. Em caso de haver algum, além de um pedido de expulsão da comissão, ele pode ser obrigado a depor.