Conteúdo publicado há 10 meses

Josias: Não se pode esperar sindicância para condenar Carnaval de ministro

O presidente Lula (PT) precisa condenar a atitude do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo (PT), por ter usado dinheiro público para ir em Carnaval, disse o colunista do UOL Josias de Souza durante o UOL News da manhã desta quinta-feira (11).

Macêdo usou dinheiro público para custear a viagem de três servidores para Aracaju onde foi realizada uma festa de Carnaval fora de época, no fim do ano passado. Um deles foi um fotógrafo oficial da Presidência da República encarregado de registrar o passo a passo de Macêdo durante a folia.

Não é razoável, nem aceitável, que um ministro faça isso. Estamos falando de um ministro de Estado, um ministro palaciano que desfruta da intimidade do presidente da República, que pode virar a maçaneta do gabinete presidencial a qualquer momento para falar com o presidente.

Os governos têm uma estética, pode ser boa ou ruim, isso não orna com um governo que se pretende ser ético. Seria necessário que ocorresse algo mais que abertura de sindicância. O fato é notório: estava lá o ministro e as fotos estão nas redes sociais.

É preciso que o presidente diga algo sobre isso, que condene o procedimento, que o ministro reconheça, que devolva o dinheiro e não aguarde pela sindicância. É preciso que esse tipo de episódio não seja visto como episódio. Não é menor, é dinheiro público.

O que aconteceu

A agenda particular ocorreu entre os dias 3 e 5 de novembro. Para justificar as viagens dos assessores, a Secretaria-Geral alegou que eles iriam acompanhar Macêdo em visita a uma ONG cuja sede, segundo dados da Receita Federal, fica em um município vizinho a Aracaju.

No entanto, a agenda oficial do ministro não registrou nenhuma missão no período. Além disso, ele não postou sequer uma foto do encontro em suas redes sociais —ao mesmo tempo em que publicou 28 imagens e um vídeo na folia. Aracaju é o reduto eleitoral de Macedo.

Procurada, a Secretaria-Geral da Presidência da República informou que irá abrir uma sindicância para investigar o caso. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) também pediu para o Tribunal de Contas da União (TCU) apurar se os recursos foram destinados de forma irregular.

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Os três servidores tiveram passagens e diárias pagas a mando do próprio ministro de Lula, de acordo com registro do Portal da Transparência. A viagem custou R$ 18.559,27 aos cofres públicos.

O fotógrafo Bruno Fernandes da Silva, conhecido como Bruno Peres, o assessor Yuri Darlon Góis de Almeida e a gerente de projetos Tereza Raquel Gonçalves Ferreira receberam R$ 3.656 em diárias do total. O restante se refere às passagens. Bruno foi quem fotografou o ministro durante a agenda particular. As imagens publicadas nas redes sociais de Macêdo são creditadas a ele.

Em uma das fotos, o ministro aparece ao lado do casal Lurian Lula da Silva e Danilo Segundo. Ela é filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); ele, pré-candidato à prefeitura de Barra dos Coqueiros (SE) pelo Partido dos Trabalhadores.

O Instituto Renascer Para A Vida, onde teria sido realizada a agenda de Macêdo, fica na cidade de Nossa Senhora do Socorro, vizinha a Aracaju. A ONG atua na defesa de direitos sociais. O Estadão tentou contato com a associação em dois números que constam em Receita Federal, mas não obteve retorno.

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