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Cardozo: Posts celebrando 1964 confirmam dimensão golpista

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/04/2024 13h10

As publicações de bolsonaristas nas redes sociais exaltando o golpe militar de 1964 não podem ser consideradas provas de uma tentativa de golpe recente, mas confirmam a dimensão golpista do que ocorreu em 2022 e 2023 no país, afirmou o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo no UOL News da manhã desta segunda-feira (1º).

Em uma das postagens, o deputado federal Ricardo Salles chama os generais dos dias atuais de "melancias" e que, por eles, o Brasil "teria se tornado um país comunista".

Uma prova, não [é] —do ponto de vista jurídico. Mas [é] uma confirmação de que havia uma dimensão golpista amparada em discursos como esse, sem dúvida. Ele [Salles] faz uma crítica aos generais que resistiram ao golpe, chamando-os de comunistas. Aquela história: verde por fora, vermelho por dentro.

Cardozo afirma que fica alarmado com a contradição do discurso bolsonarista que critica os militares, ao mesmo tempo em que nega que Bolsonaro tenha participado do golpe.

Fico alarmado porque o discurso bolsonarista é esquizofrênico, se me permite dizer. É esquizofrênico porque nega: 'Não, Bolsonaro não participou do golpe'. Ao mesmo tempo, ele diz que os generais foram covardes e foram melancias, porque se tivessem aderido, teria golpe.

Por favor, se decidam. Havia tentativa de golpe, ou não? Se não havia, por gentileza, parem com esse discurso absurdo, autoritário, de matizes de certa forma até resvalando ao fascismo de dizer que os generais deveriam ter encampado uma quartelada. O que eu não posso é ter os dois discursos, porque um confessa que o outro é falso.

Cardozo reprova silêncio do governo sobre golpe de 64: 'Dever de rememorar'

Cardozo criticou o silêncio do governo sobre os 60 anos do golpe, mas disse que, no lugar do presidente "talvez fizesse o mesmo".

Acho que ninguém melhor que o presidente da República para saber o calor que ele sente. Eu, no lugar do presidente Lula, sentindo o calor do caldeirão nas minhas costas, talvez fizesse o mesmo.

Efetivamente não gostei do governo não ter se referido a isso [60 anos do golpe]. O golpe de 64 foi uma violação manifesta, clara e indiscutível ao Estado Democrático de Direito instaurado pela Constituição de 1946.

Não posso dizer que tenha ficado feliz ou satisfeito com esse silêncio governamental sobre o golpe de 64. Era necessária uma manifestação de repúdio para que situações desse tipo não ocorram.

O Estado tem o dever de comemorar ou de lembrar. Comemorar quando forem atos bons que precisam ser enaltecidos. Rememorar para que nunca mais se repita, como foram situações trágicas como o golpe de 64.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

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