Jornalistas são hostilizados em evento com Bolsonaro e Milei em SC
A repórter da CNN Isadora Aires foi hostilizada na manhã deste domingo por participantes do congresso conservador CPAC Brasil, que ocorre em Balneário Camboriú (SC). Ela teve que deixar o local. Ontem, outro jornalista foi empurrado e seguido após questionar Michelle Bolsonaro sobre o caso das joias.
O que aconteceu
Jornalista já tinha feito entrada ao vivo e se preparava para ir ao ar novamente, quando foi cercada por um grupo. Evento precisou ser interrompido por alguns minutos. "Tá tendo uma muvuca, mas eu gostaria de pedir para vocês priorizarem o que está acontecendo aqui, está certo?", disse o apresentador Paulo Vitor Souza, que estava no palco.

"Uma petista entrou, um pessoal da esquerda", diz um dos participantes em áudio na transmissão. O apresentador pediu novamente a atenção do público: "Vamos retomar aqui, pelo que eu entendi chegou algum petista para tentar atrapalhar". Depois, continuou: "Não é um petista qualquer, mas a CNN".
Antes, apresentador havia perguntado à plateia se o "intruso" seria a deputada federal Maria do Rosário. Ele complementou: "Vamos nos concentrar aqui, tem muita coisa boa para acontecer, não vamos perder tempo com petista. Joga uma carteira de trabalho que ele sai correndo, a gente acaba logo com isso."
Jornalista saiu escoltada. Alguns participantes gritaram "fora". Em nota, a CNN registrou que a repórter Isadora Aires "foi hostilizada por manifestantes durante o exercício de sua atividade profissional e teve de ser retirada do local e levada para um ambiente seguro".
Organização do evento repudiou hostilidade a jornalistas.
Isadora Aires é uma profissional séria e vem reportando os acontecimentos do evento há dois dias de forma correta e equilibrada. Ela recebeu todo o apoio da direção da empresa. A CNN Brasil considera esse tipo de atitude uma ameaça à democracia e à liberdade de expressão e não se intimidará em realizar sua cobertura, apartidária e sem viés ideológico.
CNN
É inadmissível a hostilidade direcionada a jornalistas em eventos públicos. São profissionais que estão ali trabalhando, não porque são favoráveis ou contrários a algum partido, mas para cumprir a missão de levar informações à sociedade. Quando ocorrem situações como as registradas por dois dias seguidos em Balneário Camboriú, autoridades e organizadores devem se posicionar claramente em defesa da atuação de jornalistas e não incentivar ataques.
Katia Brembatti, presidente da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo)
A direção da CPAC repudia veementemente toda e qualquer forma de agressão aos profissionais de imprensa. O CPAC é um espaço democrático e tem como princípio a garantia da liberdade de expressão a todos.
CPAC
Outro jornalista foi empurrado
No sábado, um repórter do Estadão foi hostilizado após fazer pergunta para Michelle Bolsonaro. Pedro Augusto Figueiredo questionou a ex-primeira dama sobre o indiciamento do marido pela Polícia Federal no caso das joias.
"Que joias? Você tem que perguntar para quem ficou com as joias. Eu não sei de nada", respondeu Michelle.
O repórter foi empurrado por apoiadores de Bolsonaro logo após a pergunta. Depois, foi seguido por um grupo de homens. Um deles chegou a dar outro empurrão no ombro do repórter, que se desequilibrou.
Um dos homens que acompanhava o repórter pediu para os outros se afastarem. Em seguida, Figueiredo conseguiu voltar para dentro do auditório.
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