8/1: Torres pede anulação de processos na PF e cita 'suspeição' de delegado

O ex-ministro Anderson Torres pediu a anulação de dois processos disciplinares que podem levar à sua demissão da PF por acusações de omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro.

O que aconteceu

Torres acusa delegado que preside comissão de "suspeição". A defesa do ex-ministro diz que Clyton Eustáquio Xavier teria interesse em "desfecho processual mais prejudicial" porque ele foi exonerado por Torres. Xavier era diretor de operações da Secretaria de Operações Integradas, mas foi dispensado do cargo em maio de 2021 — os advogados afirmam que ele tinha salário de quase R$ 14 mil. Hoje, o delegado é presidente da comissão que analisa os processos do ex-ministro.

Advogados dizem que comissão tinha relatório pronto antes de interrogar o ex-ministro. Segundo a defesa de Torres, ele foi ouvido pelo colegiado e, menos de 24 horas após a audiência, o grupo produziu um documento de 130 páginas que indiciou o ex-ministro.

A defesa também alega que Torres foi perseguido nas investigações. A tese dos advogados é a de que a comissão prestigiou mais o depoimento do atual chefe da PF, Andrei Passos Rodrigues, em detrimento de outras nove testemunhas. Outros 11 depoimentos arrolados pelo ex-ministro também teriam sido ignorados para a produção do relatório.

Delegado é alvo de outro processo administrativo disciplinar. Os representantes legais de Torres dizem que Xavier tinha a obrigação de se declarar impedido de presidir comissão que analisa os casos do ex-ministro, mas não o fez. Ao UOL, o advogado Eumar Novacki afirmou que tenta marcar uma reunião com o corregedor-geral da PF para tratar dos pedidos de suspeição.

A PF ainda não se manifestou. O UOL entrou em contato com a corporação, mas não obteve retorno. O texto segue aberto para manifestação.

Os termos utilizados no relatório de indiciamento mostram que a comissão, por influência de seu presidente, adotou conclusões definitivas sobre a responsabilidade do sr. Anderson, quando deveriam realizar juízo preliminar e superficial acerca da ocorrência dos fatos.
Trecho de pedido dos advogados de Anderson Torres

Ex-ministro é acusado de omissão nos atos de 8/1

Na ocasião, Torres era secretário de Segurança Pública do DF. Ele também estava de férias fora do Brasil na data dos ataques em Brasília. Torres ficou preso por quase quatro meses, entre janeiro e maio de 2023.

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Ex-ministro está usando tornozeleira eletrônica. Ele também cumpre uma série de medidas para responder às acusações das quais é alvo em liberdade provisória. Entre elas, estão a proibição de deixar o DF, de usar redes sociais e o recolhimento domiciliar à noite e aos finais de semana.

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