Ministério da Defesa sob Bolsonaro monitorou perfis de jornalistas do UOL

O Ministério da Defesa sob o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) monitorou perfis influentes críticos ao governo, incluindo cinco colunistas do UOL. A informação foi levantada por uma reportagem investigativa do site Núcleo Jornalismo.

O que aconteceu

Ministério da Defesa recebia informes diários com publicações nas redes sociais. A empresa terceirizada Supernova Serviços de Informação coletou posts que mencionavam as Forças Armadas no Facebook e no X, de cerca de 439 perfis, e os classificou entre favoráveis ou críticos ao governo. Os relatórios foram produzidos entre outubro de 2022 e janeiro de 2023, e obtidos pelo site Núcleo Jornalismo via LAI (Lei de Acesso à Informação).

Posts golpistas, notícias falsas e elogios a torturadores foram catalogados como "positivos" ao governo. Os perfis com mais posts "positivos" foram os de um homem que fez 65 dias de transmissões ao vivo nas redes sociais pedindo golpe acampado em frente ao Comando Militar do Sudeste, e do empresário Paulo Generoso, apoiador dos atos golpistas de 8 de janeiro.

Publicações de políticos, jornalistas e influenciadores estão entre as consideradas "negativas". Entre os monitorados estão os colunistas do UOL Carolina Brígido, Josias de Souza, Leonardo Sakamoto, Reinaldo Azevedo e Tales Faria. Os perfis com mais posts "negativos" foram os do senador Humberto Costa (PT-PE) e o do youtuber petista Thiago dos Reis.

Documentos não dizem quais eram os critérios para monitoramento, e o que a pasta pretendia fazer com essas informações. Segundo o Núcleo Jornalismo, na licitação que contratou a Supernova os militares dizem que o serviço ajudaria a tomar decisões políticas e estratégicas, e que os dados poderiam ser usados pelo setor de inteligência do ministério.

Defesa disse ao Núcleo que critérios de análise foram definidos pela empresa, O Ministério também afirmou que os arquivos não representam o "posicionamento oficial da pasta em relação a qualquer assunto", e sugeriu que eles não tiveram nenhuma utilidade. A sócia da Supernova Leila Alcaires, porém, afirmou que os documentos seguiam o que foi definido pela pasta.

Serviço foi renovado ao menos uma vez, pelo custo de R$ 47 mil anuais. A empresária Leila Alcaires disse ao Núcleo que não lucrou nada com o trabalho. "Eu paguei para trabalhar", declarou.

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