Alinhado com Lira, Motta sufoca rivais em 36h e encaminha vitória na Câmara
O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) intensificou negociações de apoio para, ainda nesta semana, conquistar os votos necessários para vencer a eleição da Câmara no primeiro turno, em fevereiro. Num intervalo de 36 horas, ele fechou acordo com cinco partidos, inviabilizando as chances dos rivais.
O que aconteceu
A campanha de Motta foi lançada às 9h de terça-feira (29). A largada foi seguida de uma ofensiva com reuniões dele e de aliados com uma gama de partidos que foi do PT do presidente Lula ao PL de Jair Bolsonaro. A esta altura, o candidato contava somente com os 44 votos de seu partido, o Republicanos.
Quando eram 21h de quarta-feira (30), Motta já tinha apoio suficiente para vencer no primeiro turno. Ele deixou a Câmara com acordos que lhe conferem até 312 votos — para ganhar no primeiro turno é preciso 257 votos.
- Republicanos: 44 votos;
- PP: 50 votos;
- Podemos: 14 votos;
- PT: 68;
- MDB: 44 votos:
- PL: 92 votos;
Não significa que os acordos foram fechados em 36 horas. Eles são frutos de meses de negociações. Mas ao dar tamanha demonstração de força, Motta encurralou os rivais e tratou de praticamente definir a disputa logo na saída.
A estratégia de Motta pressionou os adversários. Também candidatos, Elmar Nascimento (União-BA) e Antônio Brito (PSD-BA) viram suas bancadas se voltarem contra candidatura própria. Sem condições numéricas de vencer, estão pressionados a desistir.
O abandono da disputa permitiria aderir à campanha de Motta e receber um naco de poder. A chapa que ganha a eleição divide cargos na Mesa Diretora, ocupando posições que dão poder na Câmara.
Sem dar chances aos rivais
Motta é candidato de Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Câmara, e havia tendência de Planalto endossar seu nome. Os adversários Antônio Brito e Elmar Nascimento sabiam que a única forma de manter a competitividade era não haver adesão em massa ao adversário nesta semana.
No cálculo da dupla, a falta de acordos sinalizaria resistência a Motta. A expectativa é que a eventual fragilidade fosse fermentada pelo tempo até que a eleição a presidente da Câmara voltasse a ser debatida, o que só iria ocorrer na segunda quinzena de novembro.
Na próxima semana não haverá atividade entre os deputados. A Câmara recebe o P20, grupo que reúne parlamentares dos países do G20, evento que será sediado no Brasil em novembro.
Elmar e Brito tiveram vários encontros com partidos, inclusive entre os que anunciaram apoio a Motta. Eles argumentavam que suas candidaturas eram competitivas, prometiam defender as prerrogativas parlamentares e pediam o adiamento de fechamentos de acordos.
Ciente do movimento dos adversários, Motta agiu. Ele sabia do risco que um questionamento sobre sua viabilidade representava e fez uma reunião atrás da outra.
Encaminhar a eleição até a noite desta quarta era prioridade. O UOL apurou que não houve maiores resistências dos partidos ao nome do candidato de Lira. Ele saiu da Câmara com sensação de dever cumprido.
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Quero receberTendência de vitória arrasadora
A expectativa de parlamentares é que Motta obtenha ao menos 400 votos - são 513 deputados. A avaliação é de um deputado do PT e outro do Podemos que falaram ao UOL em momentos distintos. Além de receber cargos na Mesa, ambos justificam que os políticos se movem na direção da perspectiva de poder, algo que o candidato de Lira possui..
Tendência é que outros partidos se aliem a Motta. Os focos de resistência ao deputados ficaria limitados a um candidato do polo mais a direita da Câmara, que deve ser do Novo. Os deputados mais a esquerda devem lançar um nome do PSOL. As duas candidaturas são consideradas inviáveis e existirão apenas para marcar posição.
Na conta dos 400 votos estão previstos parlamentares do PSD e do União Brasil. Ainda na noite de quarta o União de Elmar Nascimento fazia reunião para discutir apoio a Motta. O PSD pressionava Brito a desistir.
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