Ministro diz que escala 6x1 tem de ser negociada em acordos coletivos

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), afirmou nesta segunda-feira (11) que o fim da escala de trabalho 6x1 deve ser negociado em "convenção e acordos coletivos entre empresas e empregados". A PEC que quer extinguir essa jornada engatinha na Câmara dos Deputados para conseguir 171 assinaturas necessárias para avançar.

O que aconteceu

Marinho defendeu que assunto deve passar por "discussão aprofundada e detalhada". A declaração foi divulgada nas redes sociais e em nota do ministério.

Para o ministro, a discussão exige envolvimento de toda sociedade, pois "há setores da economia que funcionam ininterruptamente". "A pasta considera que a redução da jornada de 40 horas semanais é plenamente possível e saudável, diante de uma decisão coletiva", afirma nota divulgada pelo ministério.

A posição de Marinho recebeu críticas nas redes sociais de apoiadores e do idealizador do projeto e vereador eleito no Rio, Rick Azevedo. "É inconcebível que Vossa Excelência não esteja ciente das pressões comerciais que distorcem muitos desses acordos sindicais. Ignorar que a escala 6x1 precisa de regulamentação séria e independente é desrespeitar a realidade da classe trabalhadora", escreveu.

A PEC que quer extinguir a escala 6x1 foi apresentada em maio pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP). Segundo a parlamentar, em entrevista ao UOL News, a proposta ultrapassou 100 assinaturas e deve ter o número necessário ainda esta semana para avançar na Casa.

A proposta diz que a jornada de trabalho no Brasil ultrapassa os "limites razoáveis". Qualidade de vida, saúde, bem-estar e relações familiares são alguns dos pontos citados e, caso haja redução na jornada de trabalho, os trabalhadores podem ter mais tempo de lazer, menos estresse, fadiga, problemas de saúde e acidentes de trabalho, afirma o texto apresentado pela deputada.

O modelo de trabalho que nós temos hoje no Brasil é um modelo extremamente exploratório. O trabalhador não tem a oportunidade de estudar, de se aperfeiçoar, de se qualificar profissionalmente para mudar de carreira, por exemplo. É uma escala que só atende ao interesse do empresário e do empregador, sucateando, vulnerabilizando e precarizando a vida do trabalho em nosso país.
Erika Hilton (PSOL), em entrevista ao UOL News

Apelos nas redes sociais

O tema movimentou as redes sociais no fim de semana e ficou em primeiro lugar nos assuntos amis comentados pelos usuários do X (ex-Twitter). O movimento VAT (Vida Além do Trabalho), liderado por Rick Azevedo, conseguiu mais de 1,3 milhão de assinaturas em uma petição online em defesa da proposta.

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O apelo fez deputados do PT embarcarem na proposta, que ainda não alcançou as 171 assinaturas necessárias. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT), disse que encaminhou assinatura de apoio à PEC nesta segunda. O texto foi apresentado em maio deste ano.

Deputado mais bem votado em 2022, Nikolas Ferreira (PL-MG) foi cobrado nas redes sociais para apoiar a proposta. "Trabalho na escala 6x1 e fiquei muito decepcionado com sua posição neste tema", escreveu um seguidor. Apenas um parlamentar do PL assinou o documento, Fernando Rodolfo (PE).

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