PL negocia vice do Senado para pautar anistia do 8/1 em 2025, diz Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que seu partido, o PL, negocia uma aliança com o centrão para apoiar Davi Alcolumbre (União-AP) na Presidência do Senado. Em troca o partido ficaria com a vice-presidência da Casa para, na ausência de Alcolumbre, pautar a anistia aos condenados bolsonaristas envolvidos na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.

O que aconteceu

Bolsonaro afirmou que o PL está negociando uma aliança com o centrão. O objetivo é eleger os próximos presidentes da Câmara e do Senado, em fevereiro do ano que vem. Enquanto o partido declarou apoio a Hugo Motta (Republicanos) para substituir Arthur Lira (PP-AL) na Câmara, a legenda negocia apoio para que David Alcolumbre volte à Presidência do Senado, cargo que ele ocupou de 2019 a 2021.

Esse apoio estaria condicionado à indicação do PL para a vaga de 1º vice-presidente da Casa. No cargo, o PL aproveitaria a ausência de Alcolumbre para pautar a anistia no Plenário, afirmou o ex-presidente ao site Metrópoles.

Nós podemos, numa ausência do David, caso ele se sinta, vamos supor, incomodado [em pautar a anistia], numa ausência dele, o nosso vice bota em pauta a anistia.
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República

Anistia só no ano que vem

Bolsonaro revelou a negociação porque já aceitou que a anistia não será votada em 2024. Ele teria concordado com a decisão de Lira de retirar a proposta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e recomeçar toda a discussão em uma comissão especial. "Eu concordei com a criação da comissão. Na comissão [especial], você pode convidar ou convocar certas pessoas."

Bolsonaro cogita convocar até crianças para falar à comissão. "A gente quer trazer, por exemplo, aquelas seis crianças de dez anos para baixo, filhas de um homem que foi condenado a 17 anos, está foragido, ninguém sabe onde ele está. Está foragido", afirmou em referência a Ezequiel Ferreira Luís.

O ex-presidente disse que a anistia pode ser rejeitada pelo Congresso se for discutida ainda este ano. "Lamento, sinto a dor dessas pessoas. Mas é melhor partimos para uma quase certeza [de absolvição em 2025] do que ficarmos em uma incerteza o deslinde dessa proposta de anistia", disse.

Esse ano não vai dar certo [votar a anistia], no meu entender. Não vai ter tempo para isso.
Jair Bolsonaro

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PL e PL pressionam Hugo Motta

Hugo Motta (esquerda) e Arthur Lira
Hugo Motta (esquerda) e Arthur Lira Imagem: Reprodução

Já com maioria para se eleger presidente da Câmara, Motta vem sendo procurado por PL e PT. Enquanto o PT pede a Motta que não paute a anistia depois de assumir a Presidência da Câmara, o PL afirma que aderiu a sua candidatura porque espera que o parlamentar coloque o tema em votação.

O parlamentar tem evitado se manifestar publicamente a respeito. Aliados de Motta dizem que isso não é tema de campanha, e que o projeto está na ordem do dia de Lira, não dele.

No mês passado, no entanto, ele falou em "injustiças" cometidas pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF. Ele se referiu aos ataques como um "triste episódio", mas falou em "injustiças" cometidas com penas elevadas. "Essa comissão terá capacidade de, com muita responsabilidade, discutir o tema que é tão importante não do ponto de vista político, mas também do ponto de vista da relação com o Poder Judiciário", afirmou.

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