Amorim critica Venezuela, mas Brasil 'deve lidar com quem está no poder'

O representante especial da Palácio do Planalto, embaixador Celso Amorim, criticou a eleição na Venezuela, mas garantiu durante o UOL Entrevista, do Canal UOL, que o Brasil deve lidar com "quem estiver no poder".

O ditador Nicolás Maduro foi declarado presidente eleito sem, no entanto, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) ter divulgado as atas da votação no pleito realizado em julho. Na ocasião, o Brasil questionou a ausência de transparência na votação. O clima entre os dois países ficou tenso a ponto de o Brasil vetar a entrada da Venezuela no bloco econômico dos Brics. Muitos países — dentre eles, os Estados Unidos — declararam reconhecer o opositor Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela.

Olha, o Brasil, com uma boa tradição do direito internacional, não só brasileiro, mas de muitos países, não reconhece governos, reconhece estados, com quem estiver no poder. Isso não quer dizer que a gente legitime o processo eleitoral. O processo eleitoral, infelizmente para nós, fracassou. Na minha opinião, fracassou tanto para o governo quanto para a oposição.

A oposição teve uma estratégia de radicalização que não ajudou. E o governo também, a meu ver, não cabe a mim fazer esse julgamento. O ano que vem tem eleições parlamentares, tem eleições para governador e quem sabe a gente vê aí uma possibilidade de uma maior abertura. Estava implícito nessas partes da legislação venezuelana, a questão da divulgação dos boletins. Era uma expectativa, que não ocorreu.
Celso Amorim

Questionado sobre quem o Brasil reconhece hoje como presidente da Venezuela, Amorim respondeu. "A gente lida com o governo da Venezuela, que é o governo que de fato... hoje não há dúvida que é ele [Nicolás Maduro], porque ele tem o mandato dele."

O papel de Trump no conflito entre Rússia e Ucrânia

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Ainda durante o UOL Entrevista, Amorim disse acreditar que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, será mais efetivo do que o presidente atual, Joe Biden, ao tentar solucionar o conflito entre Rússia e Ucrânia.

Vejo mais possibilidades de solução com o Trump do que com o governo americano [atual], em relação à guerra na Ucrânia, por exemplo. Eu não quero fazer previsões, mas eu acho que o presidente Trump, tem uma visão mais pragmática de como as coisas não só deveriam ser, mas como elas são.

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Pode ser pelo motivo que for, não vou entrar num julgamento ético, e eu acho que é essa a compreensão. O que nos interessa é a paz. Claro que não é qualquer paz. Não é uma coisa que seja equilibrada, justa, mas que não desconheça as preocupações de um lado ou de outro. Celso Amorim

A Rússia invadiu a Ucrânia e deu início a uma guerra em fevereiro de 2022. Milhares de civis já foram mortos em quase três anos de conflito. O presidente russo, Vladimir Putin, e o ucraniano, Volodimir Zelenski, têm trocado acusações publicamente, sem o anúncio de um acordo de paz em vista.

Ofensa de Janja contra Musk

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Também no programa, Amorim citou o xingamento feito pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, contra o bilionário Elon Musk, dono da Tesla e da SpaceX, e que isso teria feito no âmbito do campo pessoal.

Acho que é um julgamento pessoal. Aliás, o meu não seria muito diferente. Eu sou diplomata, sou obrigado a usar palavras suaves.
Celso Amorim

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No dia 16 de novembro, a socióloga gerou polêmica internacional ao xingar o magnata com palavrão durante um evento do G20 Social, realizado no Rio de Janeiro. Em meio a uma falha no som, Janja comentou que poderia ser "culpa do Elon Musk" e, na sequência, disse "fuck you, Elon Musk", ao lado do influenciador Felipe Neto. O ato foi interpretado como um ataque direto ao empresário, que deve liderar um departamento no futuro governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.

Musk reagiu com ironia nas redes sociais e escreveu mensagem dando a entender que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), marido de Janja, perderia a próxima eleição prevista para 2026. "Eles vão perder a próxima eleição."

O episódio gerou mal-estar diplomático e ampla repercussão na mídia internacional —muitos veículos destacaram a já conturbada relação entre Musk e o Brasil, especialmente devido às posições do bilionário em temas como desinformação e liberdade de expressão na plataforma X (antigo Twitter), de sua propriedade.

Assista abaixo ao UOL Entrevista na íntegra:

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