Alesp: oposição quer impeachment de Derrite por 'crime de responsabilidade'
Deputados do PSOL e do PT na Alesp trabalham no texto de um pedido de impeachment contra Guilherme Derrite, secretário de Segurança de São Paulo, por crime de responsabilidade.
O que aconteceu
Minoria na Assembleia, oposição diz que Derrite comete crime ao não punir policiais envolvidos em atos de violência. Os chamados crimes de responsabilidade são condutas de gestores públicos que ameacem o bom funcionamento do Estado. Eles são passíveis de perda de cargo e outras sanções.
Texto do pedido de impeachment deve ser finalizado nesta quinta (5). Segundo o deputado Guilherme Cortez, do PSOL, a ideia é apresentar o material à mesa diretora da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) nesta sexta (6) ou na semana que vem.
PM de São Paulo tem registrado uma escalada de violência. Na noite desta quarta (4), uma idosa e seu filho foram agredidos por um policial em Barueri. No domingo (1º), um PM jogou um homem de uma ponte na zona sul de São Paulo. No dia 20, um universitário foi morto a tiro por um PM num hotel na Vila Mariana. No dia 5, um menino de 4 anos foi morto durante uma operação em Santos. No dia 3, um jovem foi assassinado com 11 tiros por um PM de folga em zona sul.
A PM de São Paulo matou uma pessoa a cada dez horas neste ano. Levantamento do UOL com base em dados da Secretaria da Segurança Pública mostra que o número é mais que o dobro do que o de 2022, ano anterior à gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Os chamados 'casos isolados' obedecem a um padrão de violação de direitos, possibilitado por uma visão ideológica que negligência abusos policiais e até os incentiva. É a violência policial como um projeto político
Guilherme Cortez (PSOL), deputado estadual
Oposição crê em mobilização da opinião pública
"O governo [de Tarcísio] está fragilizado", disse Cortez. "A opinião pública considerou as imagens dos casos de violência policial inaceitáveis", afirmou. Para o deputado, o cenário de crise abre espaço para que um pedido de impeachment contra Derrite prospere na Alesp, apesar da maioria governista (60 dos 94 deputados apoiam Tarcísio).
Oposição não acredita em demissão de Derrite. A opinião é compartilhada por Cortez e outros deputados, como Paulo Fiorilo (PT). "Apesar da gravidade da situação, Tarcísio não dá a cabeça de um secretário na primeira esquina", afirmou o petista.
Caso do secretário de Relações Internacionais é relembrado por deputados. Envolvido em uma crise que opôs os governos estadual e federal, Lucas Ferraz não foi dispensado por Tarcísio — mas se viu forçado a pedir a própria saída após sofrer "fritura" por parte do governador.
Tarcísio admitiu estar "errado" sobre uso de câmeras corporais, mas disse que mantém secretário. Em agenda na zona leste, o governador disse que Derrite é "estudioso" e negou também a possibilidade de trocas no comando da PM. "Se a diretriz do governo do estado não está chegando com clareza na ponta, ela precisa chegar. E cabe a mim fazer chegar", afirmou.
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