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Aliados de Tarcísio dizem que violência de PMs não afeta atuação de Derrite

Derrite e Tarcisio em evento no Palácio do Planalto Imagem: WILTON JUNIOR - 31.out.24/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo e Brasília

05/12/2024 18h22Atualizada em 05/12/2024 19h52

Deputados da base aliada do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) e na Câmara dos Deputados afirmam que a onda de casos de violência policial não é suficiente para comprometer o trabalho desenvolvido por Guilherme Derrite à frente da Secretaria de Segurança Pública.

O que aconteceu

Aliados veem abusos como "casos isolados". Na opinião dos deputados que apoiam o governador, as situações reveladas pela imprensa nos últimos dias não justificam a demissão de Derrite do cargo. Por outro lado, existe consenso de que abusos aconteceram e práticas precisam ser revistas para evitá-los.

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Casos dominaram manchetes no último mês. No domingo (1º), um PM jogou um homem de uma ponte na zona sul. No dia 20, Marco Acosta foi morto a tiro por um PM na Vila Mariana, zona sul da cidade. No dia 5, um menino foi baleado durante uma operação em Santos. No dia 3, um jovem foi morto com 11 tiros por um PM de folga, também na zona sul.

Erros são classificados como "absurdo" e atribuídos a "despreparo". "Absurdo" também foi o termo usado por Tarcísio para se referir aos casos do homem jogado da ponte e do jovem morto em um supermercado. No caso da idosa agredida por um PM, um dos deputados considerou o chute dado pelo policial "errado".

Governador disse que Derrite é "estudioso". Declaração foi dada nesta quinta (5) em resposta à pergunta sobre permanência de secretário no cargo após a revelação dos vários casos de violência policial. Na mesma entrevista, Tarcísio admitiu que tinha "visão equivocada" do uso de câmeras por policiais.

Revelação simultânea de casos foi 'ruim'

"Esta semana estourou um monte de pepino", disse Conte Lopes (PL) em discurso na tribuna. Ele e outros entendem que nem Derrite nem Tarcísio podem ser culpados por falhas "individuais" de policiais. Eles citam a maior apreensão de cocaína da história e outros feitos como provas do bom trabalho de Derrite.

O Tarcísio teve a coragem de colocar a SSP na mão de alguém que entende de segurança. As falhas foram individuais. O Derrite veio bem até agora e não nada que justifique sua troca. Ele tem o meu apoio. Agora, cabe ao governador escolher seus secretários.
Conte Lopes (PL), deputado estadual

Deputados apontam diferentes soluções para problema. O aumento do rigor em relação aos abusos e a maior celeridade na punição de policiais envolvidos em abusos (que hoje chega a demorar 1 ano e meio) são alguns deles. No caso dos 11 tiros, Lopes lembrou que, reprovado no psicotécnico, o PM entrou graças a recurso judicial.

Apesar de problemas, demissão de Derrite por Tarcísio é descartada pela base. O entendimento é de que governador tem relação de confiança com o secretário. Além disso, Derrite é visto como parte do projeto político do Tarcísio, que não teria o perfil de abandonar aliados e que assumiria erro com demissão.

São Paulo teve 580 mortes cometidas por agentes de segurança até setembro. O número é o maior desde 2020, quando houve 824 mortes e o uso de câmeras corporais foi adotado pela PM. Em 2024, 552 das 580 mortes contabilizadas foram cometidas por policiais militares.

O erro de um policial não pode ser atribuído a toda a corporação, muito menos ao secretário de segurança e ao governador. O Derrite tem tido uma postura tão firme contra o crime quanto contra excessos reais que podem acontecer. Ele goza da confiança do Tarcísio desde que os dois atuaram juntos em Brasília e tem bons números para apresentar.
Tenente Coimbra (PL), deputado estadual

A PM está tensionada por uma guerra que piorou muito nas últimas décadas contra um crime cada vez mais organizado. É uma guerra cada vez mais difícil. Para proteger inocentes, precisamos melhorar a lei e, assim, punir melhor quem deve ser punido e recuperar melhor quem pode ser recuperado.
Lucas Bove (PL), deputado estadual

Câmara repete discurso

Aliados na Câmara dos Deputados repetem o discurso governista. Parlamentares da bancada paulista afirmam que os casos de violência policial são pontuais e defendem a permanência de Derrite à frente da SSP.

O deputado Fausto Pinato (PP) elogiou Derrite e criticou o trabalho de outros secretários do governo Tarcísio. "É o único secretário que está entregando algo positivo. Nem sabemos ao certo o nome de outros secretários desse governo", disse o parlamentar, que é do mesmo partido de Derrite.

A deputada federal Rosana Valle (PL) afirmou que o secretário combate facções com "coragem e inteligência". "A conduta de maus policiais pede punição, mas não pode interferir nesse trabalho. Acerta o governador Tarcísio apoiando os gestores da Segurança no Estado", disse em publicação no X (antigo Twitter).

Capitão Augusto (PL) defendeu que "casos isolados não representam toda uma instituição". "A Polícia Militar de SP é formada por heróis que trabalham mais de 200h/mês, sob risco constante, com salários consideravelmente baixos. Menos de 0,1% está envolvido em erros. Não generalizem!", postou o deputado no X

O deputado Marangoni (União Brasil) chamou os casos de "absurdo", mas disse "reconhecer" os esforços de Derrite e Tarcísio. "Reconheço os esforços do governador Tarcísio de Freitas e do Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, quanto a resposta imediata, com a prisão do soldado que fez a ação e o afastamento dos demais envolvidos. Acredito muito nos valores da Polícia Militar de SP e vejo casos assim como desvio da conduta do policial e não da corporação", afirmou.

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