STF tem 7x0 contra pedido de Bolsonaro para afastar Moraes de relatoria

O STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria para negar o pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para que o ministro Alexandre de Moraes deixe a condução da apuração sobre a tentativa de golpe de Estado. O julgamento no plenário virtual foi iniciado nesta sexta (6).

O que aconteceu

O placar está em 7 votos a 0 para manter Moraes na relatoria. O presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, foi o primeiro a votar. Ele argumentou que o pedido da defesa de Bolsonaro foi superficial. "No presente caso, o pedido não deve ser acolhido. Isso porque não houve clara demonstração de qualquer das causas justificadoras de impedimento, previstas, taxativamente, na legislação de regência", escreveu em seu voto.

Em seguida, os ministros Edson Fachin, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Dias Toffoli e Cármen Lúcia acompanharam Barroso. O julgamento é virtual e só deverá terminar na próxima sexta-feira (13).

Moraes se declarou impedido de votar. Agora faltam os votos de Luiz Fux, André Mendonça e Kassio Nunes Marques, que precisarão inseri-los em um sistema eletrônico, sem a necessidade de debate. Como a tese contrária à defesa de Bolsonaro já tem maioria, porém, esses votos não alteram o resultado final.

Um dos ministros ainda pode pedir destaque para levar o caso ao plenário físico. Isso, na prática, poderia reiniciar o julgamento e a contagem de votos, já que os ministros teriam que se manifestar de novo.

Barroso argumenta que o pedido "não veio" com "qualquer elemento que comprove as alegações" de que Moraes é parcial para cuidar da apuração. "Os fatos narrados na petição inicial não caracterizam, minimamente, as situações legais que impossibilitam o exercício da jurisdição pela autoridade arguida."

Por todo o exposto, acolho o parecer do Ministério Público Federal e não conheço do agravo regimental.
Luís Roberto Barroso, relator

Em fevereiro, quando a ação chegou ao STF, Barroso já havia recusado o pedido com o mesmo argumento. Os advogados do ex-presidente, no entanto, recorreram e, agora, a questão é analisada no plenário virtual.

Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal por participar do plano para anular o resultado das eleições de 2022. A ação também incluiu a recente revelação da Polícia Federal de que ele teria ciência de um plano militar para assassinar Moraes, o presidente Lula (PT) e o vice, Geraldo Alckmin (PSB), antes da posse, em 2023.

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A tese de seus advogados é que Moraes estaria impedido de atuar porque teria interesse pessoal no caso. Isso porque o próprio ministro seria um dos alvos do plano de golpe de Estado. Ao negar o pedido, Barroso ponderou que não foram apresentados motivos previstos na legislação para comprovar o impedimento de Moraes.

O Código de Processo Civil e Código de Processo Penal listam as razões que impedem o juiz de julgar um processo. Entre eles, se o cônjuge ou parente tiver atuado no caso de alguma forma; se o próprio juiz tiver atuado antes na causa como advogado, por exemplo; ou quando o magistrado tiver interesse direto na causa.

Chance de Bolsonaro vencer é pequena

A chance de Moraes deixar a condução da apuração sobre a tentativa de golpe de Estado é próxima a zero. Nos bastidores, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) se preparam para negar um pedido para que o relator seja considerado impedido de relatar o caso, apurou a colunista do UOL Carolina Brígido.

Dentro do STF, a visão é que destituir Moraes da relatoria do caso agora seria uma forma de enfraquecer o ministro. A decisão também poderia enfraquecer a Corte como um todo, já que o tribunal tem legitimado as decisões tomadas por Moraes nos últimos anos em julgamentos plenários.

Há duas semanas, a Polícia Federal divulgou um relatório no qual Bolsonaro e outras 36 pessoas são indiciadas por tentativa de golpe de Estado. O documento chegou ao STF e foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República, que deverá apresentar ao tribunal uma denúncia contra o grupo. Entre os investigados estão militares de altas patentes e ex-ministros do governo Bolsonaro.

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