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Sakamoto: Lula receitou transparência sobre saúde para evitar problemas

Ciente dos problemas que informações desencontradas podem causar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recomendou transparência total para a divulgação de informações sobre saúde, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta quinta (12).

Lula passou por um procedimento médico na manhã de hoje. O presidente foi submetido a uma embolização de artéria meníngea média, com o objetivo de bloquear o fluxo de sangue no cérebro para evitar futuros sangramentos, como explicou o médico Roberto Kalil em entrevista coletiva.

Desde sua internação, Lula tem exigido transparência total da sua equipe e da equipe médica. Ele sabe o tamanho do enrosco que existe com informações dadas pela metade ou que as pessoas acham não ser necessárias dar, mas são.

Lula já teve problemas de saúde e enfrentou um câncer. Dilma Rousseff, uma de suas aliadas políticas importantes, também enfrentou um câncer. Ele passou por muita coisa e sabe qual é o impacto do tema da saúde de um presidente da República, governador ou prefeito. Principalmente um que pode concorrer à reeleição.

Pode-se gostar ou não do Lula, mas ele vem defendendo com unhas e dentes que a saúde dele seja dada com total transparência, para que essas meias informações não sejam usadas para manipular mercado, política e a própria gestão. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto destacou que o cuidado com as informações sobre o estado de saúde do presidente também precisa passar pela equipe médica, a fim de evitar interpretações dúbias.

Quando ele teve o acidente [a queda no banheiro], muitas pessoas próximas a ele douraram a pílula, o que o deixou muito bravo. Ele próprio, depois, veio diz que achou que tinha rachado o cérebro. Quando falamos que assessores têm que jogar a real, isso não cabe só à política, mas também à medicina. Alguns procedimentos que podem parecer irrelevantes para os médicos não são para o público em geral, para a política e para a economia, que querem saber os detalhes.

A equipe médica define a forma como a informação será divulgada, mas isso tem que passar sempre pelo crivo do paciente. Às vezes, o próprio médico não tem essa visão política e pode achar algo uma bobagem, quando o paciente é quem define se é ou não. Afinal, o médico pode não ter ideia do que é relevante para o debate público. Isso já gerou um ruído ontem.

O quadro de Lula não tem que ficar sequestrado por interesses de assessores políticos, mas também não pode simplesmente passar pelo crivo do médico a decisão do que sai. Neste caso, o paciente é uma pessoa preocupada e que sabe que qualquer informação divulgada errada ou parecer que foi omitida, sobrará para ele. Lula não quer mais essa dor de cabeça, não. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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Lula: Técnica aplicada é recente, mas foi melhor opção, diz neurocirurgião

Lula foi submetido a um procedimento cirúrgico novo no campo da medicina, mas que foi a melhor opção disponível para o caso clínico dele, explicou o neurocirurgião Guilherme Lepski em entrevista ao UOL News.

Foi a melhor opção, sem dúvida alguma. Como sempre tem que ser na medicina com qualquer doente, eles tomaram essa decisão com base na melhor evidência. Nossa obrigação como médico é se manter sempre atualizado, à parte a burocracia do sistema.

Sobre outras opções, a medicina se digladia com esse problema desde os antigos egípcios. Essa doença é conhecida há muito tempo. Na história da neurocirurgia moderna, depois de 1950, existiram alternativas que foram um fracasso, como por exemplo a tentativa de se remover a membrana que reveste o cérebro e é a causa do sangramento. Isso só causou mais dano e foi um procedimento abandonado.

Essa é a melhor opção disponível na atualidade, com as incertezas mencionadas e discutidas com o paciente. Guilherme Lepski, neurocirurgião

Assista ao comentário na íntegra:

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