OPINIÃO
Josias: Toda interferência de Janja na Comunicação será vista como ruído
Colaboração para o UOL
13/12/2024 11h05
Qualquer gesto da primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, envolvendo a área de comunicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provoca reações negativas dentro do governo, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta sexta (13).
Janja tem publicado em suas redes sociais atualizações sobre o estado de saúde de Lula, internado desde segunda (9) após sofrer um sangramento cerebral. O caso evidencia a disputa entre a primeira-dama e a Secom (Secretaria de Comunicação) pelo controle da comunicação do governo, hoje chefiada pelo ministro Paulo Pimenta, principalmente em relação à imagem do presidente.
Hoje, Paulo Pimenta manda em pouquíssima coisa na Secom. Ele cuida da parte de contratos de publicidade e está apitando pouquíssimo. Nem sei o que ele está fazendo ali. Já deveria ter pedido o boné porque não chefia essa área de Comunicação. Ainda assim, levou uma traulitada do TCU [Tribunal de Contas da União] porque estava querendo fazer uma contratação de empresas para organizar as redes sociais do governo ao custo de quase R$ 200 milhões. O TCU farejou um vazamento de informações e determinou a suspensão dessa licitação.
Sim, a primeira-dama pode fazer o que bem entender nas suas redes sociais e responde por isso. Mas ela não tem a atribuição de meter o bedelho na Secom. Não foi nomeada, não está recebendo e nem tem autoridade para isso. Qualquer interferência que ela faça será vista sempre como um ruído, a menos que Lula a nomeie - e ele pode fazer isso, pois há uma jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
Se quiser, que Lula nomeie Janja como ministra-chefe da Secom. Enquanto ela não for nomeada, qualquer interferência dela nessa área será vista como um ruído, e é o que está acontecendo agora. Muito ruído em uma hora na qual se deveria respeitar a doença do presidente e a necessidade de ele se recuperar rapidamente, sem atribulações. Josias de Souza, colunista do UOL
Josias enfatizou que Janja tenta interferir na comunicação do governo federal desde a posse de Lula, sob o risco de não alcançar o nível de institucionalidade exigido para cuidar da imagem do presidente.
Sem nenhuma dúvida a imagem de um presidente e as informações que circulam ao redor dele precisam ter uma certa institucionalidade. A mulher do presidente tem todo o direito de fazer o que bem entender com suas redes sociais e responde pelas publicações que faz de acordo com a repercussão. Esse é um risco que a Janja pode correr.
Em relação à imagem institucional do presidente, o gerenciamento da Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto não pode se confundir com uma atividade doméstica. A primeira-dama não foi nomeada ministra-chefe da Secom e não possui cargo formal no governo. A despeito disso, não é de hoje que ela disputa essa área de comunicação. Josias de Souza, colunista do UOL
Tales: Sem autoridade, Pimenta tem problema do tamanho de um bonde
Com a autoridade questionada e a interferência da primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, o ministro da Secom (Secretaria de Comunicação) Paulo Pimenta se vê diante de um grande obstáculo para se manter no cargo, disse o colunista Tales Faria.
É inegável a influência de Janja [na comunicação do governo]. Nunca vi ninguém, no governo, em uma empresa ou órgão público, bater de frente com a esposa do chefe e sair ganhando. É derrota na certa. Na pior das hipóteses, o sujeito fica no cargo, mas enfraquecido e resolve abrir mão de tudo.
Paulo Pimenta está com um problema do tamanho de um bonde. Diante da falta de autoridade, o melhor é sair e chegar alguém que diga 'aceito o cargo se for com autoridade; se for sem, eu não aceito'. Aí Lula terá que enquadrar a esposa ou dizer que ela indicará o novo secretário de Comunicação e acabou. Tales Faria, colunista do UOL
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