Vítimas farão ato e pedem tombamento de quartel onde morreu Rubens Paiva

A Associação Brasileira de Imprensa, o Grupo Tortura Nunca Mais RJ e a ONG Rio de Paz vão promover neste sábado (11), às 10h, um ato para pedir o tombamento do 1º Batalhão de Polícia do Exército - local onde 49 presos políticos foram assassinados durante a ditadura militar, entre eles Rubens Paiva, cuja história é contada no filme "Ainda Estou Aqui".

O que aconteceu

Ato começa em frente ao busto de Rubens Paiva. A história da morte do engenheiro civil e político brasileiro assassinado pela ditadura e a busca dos seus familiares pelo reconhecimento dos crimes cometidos é narrada no filme "Ainda Estou Aqui", estrelado por Fernanda Torres, ganhadora do Globo de Ouro e Selton Mello.

49 presos políticos que foram assassinados no local serão homenageados. "Ao menos 49 foram mortos, dentre os quais 33 permanecem desaparecidos até a presente data", diz a Associação Brasileira de Imprensa. O mesmo aconteceu com Rubens Paiva — a mulher dele, Eunice Paiva, só conseguiu a certidão de óbito em 1996, 25 anos após o desaparecimento, depois da sanção da Lei dos Desaparecidos Políticos.

Diante das constantes tentativas de negacionismo e apagamento da história política recente, o ato vai reivindicar a necessidade urgente de tombamento pelo IPHAN do quartel da Polícia do Exército com o objetivo de instalar ali um centro de memória e resistência contra os regimes de exceção.
Associação Brasileira de Imprensa

Ato contará com a presença de sobreviventes da ditadura. Alvaro Caldas e Lucia Murat estiveram presos no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna) durante a ditadura militar e sobreviveram à tortura. Agora, pedem que o local se torne parte da memória da ditadura militar para evitar o apagamento da história política do país.

Participante do ato esteve preso no mesmo local que Rubens Paiva. Alvaro Caldas afirma que causa angústia que o local em que esteve preso e onde foi torturado ainda funcione como quartel "como se nada tivesse acontecido". "Uma das reivindicações mais importantes é tombá-lo e transformar esse prédio em um centro de memória."

Eu sou recordista, infelizmente, nesse quartel, no centro de operações e tortura do Rio. Fui preso em janeiro de 1970, lá fui torturado, choque e pau de arara - um método para acabar com os grupos que contestavam a ditadura. Fiquei três meses lá, era um local de alta rotação. Depois fui preso por dois anos e meio, até ser julgado. Na época em que fui preso, era repórter especial do Jornal do Brasil. Ainda bem que esse filme 'Ainda Estou Aqui' trouxe esse tema e abriu debate sobre isso. A democracia precisa ter a sua história contada e que vivemos 20 anos de ditadura, nesse período pessoas foram assassinadas e sumiram com os seus corpos
Alvaro Caldas, jornalista e membro da Comissão da Verdade

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