Posse de Maduro: quem do governo Lula criticou e quem do PT foi ao evento
A posse do ditador Nicolás Maduro, na Venezuela, reuniu integrantes do PT, partido do presidente Lula, mas foi alvo de críticas de membros do governo e de parlamentares da sigla.
O que aconteceu
Governo Lula foi convidado, mas o presidente não foi. Contudo, enviou a embaixadora do país em Caracas, Glivânia de Oliveira, à cerimônia realizada ontem. Lula não reconheceu a suposta vitória de Maduro nas eleições venezuelanas do ano passado.
Movimentos de esquerda divergiram de Lula e decidiram ir à posse. Lideranças do PT e organizações, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, se programaram para viajar a Caracas.
Quem do governo criticou Maduro
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse ser "lamentável" a posse de Maduro para um terceiro mandato. Em entrevista à CNN, Alckmin declarou que "a democracia é civilizatória e precisa ser fortalecida, as ditaduras suprimem a liberdade".
Parlamentares do PT e aliados de Lula contestaram a posse do ditador. O líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que "o governo venezuelano é uma ditadura" e que a posse de Maduro "é ilegítima e farsante".
Um regime que desrespeita Direitos Humanos, desrespeita alternância de poder e não respeita a soberania da vontade popular, é um regime autoritário. Portanto, é dever de todo democrata, esteja onde estiver, condenar qualquer ditadura, seja de direita, seja de esquerda.
Randolfe Rodrigues, em post no X
O líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que a ida da embaixadora era "um ato de formalidade". Na avaliação do parlamentar, a relação de Brasil e Venezuela "azedou", mas não houve rompimento. "O sistema da Venezuela não tem o aplauso nem a concordância do governo brasileiro, isso está claro", disse Wagner em entrevista à CNN Brasil.
O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), classificou o líder venezuelano como um "ditador incansável". Segundo o ministro, a tomada do governo "pela força bruta e sem legitimidade precisa ser condenada".
Para o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), a posse foi "um ataque aos princípios democráticos". Costa Filho defendeu liberdade e prosperidade para o povo venezuelano.
Quem da esquerda foi à posse
O PT enviou quatro representantes da Direção Nacional do partido a Caracas. Estiveram lá: Camila Moreno (Executiva Nacional), Vera Lúcia Barbosa (secretária nacional de Movimentos Populares), Mônica Valente (secretária-executiva do Foro de São Paulo) e Valter Pomar (Diretório Nacional). Um dos integrantes do núcleo do PT em Portugal também foi à Venezuela acompanhar a posse.
Monica Valente ironizou críticas à posse de Maduro, em uma rede social. Integrante do Diretório Nacional, ela publicou um vídeo de apoiadores de Maduro nas ruas e escreveu: "Esse é o 'povo oprimido' da Venezuela festejando a posse do ditador sanguinário Nicolás Maduro".
Esse é o "povo oprimido" da Venezuela festejando a posse do dit@dor sanguin@rio" Nicolas Maduro. pic.twitter.com/PS0THrdxep
-- Monica Valente (@movalente) January 11, 2025
Posse foi marcada por protestos e críticas. O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, foram à cerimônia.
Lula e Maduro em crise
Governo Lula "deplora" ataques de Maduro a opositores, um dia após posse. Hoje (11), o Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota na qual afirma que "acompanha com grande preocupação as denúncias de violações de direitos humanos a opositores do governo na Venezuela, em especial após o processo eleitoral realizado em julho passado".
Apesar de a Presidência da República não apontar fraude, Lula não reconheceu o resultado do pleito. Após as eleições venezuelanas, o governo Lula insistiu na apresentação de atas que comprovassem a legitimidade da disputa, o que deu início a uma crise diplomática entre os dois países. "Eu quero o resultado, se tiver, vamos tratar [de reconhecer]", disse Lula em agosto.
Após suspeita de fraude nas eleições, venezuelanos protestaram contra Maduro, e mortes foram registradas. Pelo menos 25 pessoas morreram e 192 ficaram feridas nos protestos no país. A Guarda Nacional Bolivariana agiu contra os manifestantes. Dezenas de violações a direitos humanos foram registradas, militantes compararam ação de Maduro a "terrorismo".
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