Nunes critica STF por ter de explicar muro na Cracolândia: 'Volta tapume?'

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), questionou nesta sexta-feira (17) o fato de o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, ter dado 24h ao governo municipal para explicar o muro construído na região da Cracolândia.

O que aconteceu

Decisão contrária à construção do muro "não tem fundamento", segundo Nunes. "Que decisão ele tomaria? Volta o tapume?", questionou Nunes a jornalistas, ao repetir o argumento de que o muro foi feito para substituir tapumes de ferro que já existiam e estariam provocando riscos à integridade física de quem transita pela região.

Nunes disse que aguarda a notificação do STF e questionou o teor do pedido de informações. "Não sei se é verdade o STF mandar um ofício pro prefeito de São Paulo pra perguntar de um muro. Estou falando de um ministro do Supremo Tribunal Federal", afirmou.

O prefeito chamou a ação do PSOL de "sem nexo". O pedido de informações de Moraes foi em resposta a um questionamento do partido, que pediu também ao ministro a demolição do muro. Moraes é relator na Corte de uma ação sobre a Política Nacional para a População de Rua.

Nunes criticou o partido e entidades que fazem trabalho voluntário com usuários de drogas na Cracolândia. Ele disse que "as pessoas estão muito desocupadas" e "ficam criando coisas", em vez de ajudar as pessoas a se convencerem a buscar tratamento para o vício.

As pessoas podiam nos ajudar a fazer o convencimento de irem pra tratamento. Não ficar perturbando a gente, enchendo a paciência com coisas que não levam a nada. Essa turma é a turma do atraso, do quanto pior melhor. Eles querem ver aquilo lá cheio de gente pra falar mal do governo. Vê se esse pessoal do PSOL tem uma pessoa que eles ajudaram a levar pra tratamento.

Fazer um ofício hoje pra fazer um ministro do STF perder tempo de uma coisa que aconteceu em maio do ano passado. É altamente sem nexo. Fico sem entender qual é o objetivo disso.
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo

Construção de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura em calçada da rua General Couto Magalhães, na Santa Ifigênia, delimita uma área para usuários de droga. Imagens da TV Globo mostram os usuários aglomerados atrás do muro e barreiras de metal no meio da rua.

Muro começou a ser erguido em maio e ficou pronto em junho do ano passado. "Ali tinha um tapume, tem mais de um ano. Era um negócio de ferro e colocou um muro", afirmou o prefeito em entrevista ao site da Exame.

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Defensoria Pública do Estado de São Paulo recomendou à prefeitura a retirada de gradis e demais barreiras físicas instaladas na região. O pedido, feito na quarta-feira (16), abarcaria inclusive o muro.

Recomendação da Defensoria afirma que as instalações representam "arquitetura hostil", com "finalidade espúria de afastar a população em situação de rua". Segundo o órgão, a estratégia "já foi adotada em outras oportunidades e não há qualquer comprovação de sua eficiência para atingir os objetivos declarados [pela Prefeitura] de melhor atender os usuários". A Defensoria cita que há também "desproporcionalidade da medida comparada a outras que possam ser adotadas pela municipalidade".

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