Nunes exalta prisões e diz que não vai gastar com câmeras em guardas civis

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), exaltou nesta terça-feira (21) o número de prisões realizadas pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), disse que aguarda aval para instalar "prisômetro" e que não vai gastar recursos com câmeras corporais individuais para agentes.

O que aconteceu

Nunes diz que agentes da GCM não terão câmeras corporais e que administração pública optou por monitoramento "amplo". "Optamos por um sistema de monitoramento com 20 mil câmeras e se algum GCM cometer algum ato em desacordo às normas legais essas câmeras vão identificar", afirmou. "Não tem porque gastar recursos colocando câmeras em GCM se podemos usar o recurso para cuidar disso, da cidade e da sociedade."

Secretário de segurança urbana, Orlando Morando disse que GCM de São Paulo não tem letalidade que "justifique câmeras corporais". "Não podemos tratar GCM como polícia só quando é conveniente", afirmou. "São forças complementares. Considero uma polêmica desnecessária", disse ele sobre as câmeras corporais.

Nunes exaltou ostensividade da GCM e número de prisões realizadas. Segundo o prefeito, até esta terça-feira (21), 490 criminosos foragidos da Justiça foram identificados pelas câmeras do Smart Sampa e 1.712 pessoas presas. O programa Smart Sampa, que faz o monitoramento e reconhecimento facial, virou uma das vitrines de Nunes e é alvo de críticas por parte de especialistas em segurança urbana que apontam problemas de discriminação no reconhecimento facial.

"Temos que fazer com que os bandidos temam a Guarda Civil Metropolitana", disse o prefeito. "Críticas virão, mas não nos preocupamos com a crítica pela crítica, nos preocupamos com críticas construtivas", comentou, durante evento da Guarda Civil Metropolitana na manhã de hoje.

Nunes negou "endurecimento" na GCM. "Não existe nenhuma indicação que estamos fazendo enrijecer, o discurso que fizemos aqui foi o mesmo que temos feito em outros. Todos os institutos de pesquisa apontam que a principal preocupação da sociedade é a questão da segurança. Estamos dando resposta para aquilo que a sociedade nos pede", diz.

Nunes diz que vai manter "prisômetro"

Painel vai mostrar, no centro da capital, o número de detenções feitas pelo programa Smart Sampa. Nunes disse ao UOL que aguarda autorização do comitê que regula colocações e melhorias no centro. Inicialmente, a agenda do prefeito previa o anúncio da ferramenta para esta terça (21), porém isso foi adiado. O nome "prisômetro" faz alusão ao "impostômetro" que contabiliza impostos, taxas e contribuições pagas ao poder público.

"Divulgar esse tipo de número não traz muita informação", comenta especialista em segurança pública. "Número de prisões em relação ao quê? Qual o tipo de crime que está sendo prevenido? Qual o tipo de criminoso que está sendo preso?", questiona Rafael Alcadipani, professor da FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

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Questionado sobre objetivo do "prisômetro", Nunes disse que ideia é mostrar para sociedade ações da prefeitura. "Quantas pessoas estão presas, quantas pessoas estão procuradas na Justiça, a gente precisa repercutir isso porque pessoas procuradas aqui não vão sair de suas casas." Nunes disse também que quer exibir dados sobre pessoas desaparecidas.

Mais guardas civis nas ruas

Nunes participou da cerimônia de formatura de 500 novos agentes da Guarda Civil Metropolitana. O secretário de Segurança Urbana da capital, Orlando Morando, e o vice-prefeito, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), também compareceram ao evento.

Discursos de autoridades exaltaram ostensividade da guarda, embora essa não seja a principal tarefa do grupo. "A partir de hoje, criminosos terão mais medo da Guarda Civil Metropolitana", afirmou o prefeito. "Que chore a mãe de um criminoso e não a mãe de vocês", disse Morando. "Sejam temidos pelos criminosos", disse Mello Araújo, que foi comandante da Rota.

GCM não deveria ter força de prisão, mas de regulação urbana, afirma pesquisador. "Ela deveria cuidar de ordenamento urbano e não faz isso tão bem. Acredito que esse tipo de estratégia de marketing seja muito negativa para a segurança pública porque mostra uma visão pouco focada em resolver os problemas sérios de segurança pública que a cidade tem."

Formação de novos guardas foi anunciada como ação prioritária da gestão, em cumprimento ao plano de metas da Secretaria de Segurança Urbana. Segundo a prefeitura, desde 2023, a GCM de São Paulo formou 2.000 novos agentes. A corporação tem 7.399 profissionais.

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