Em recado a Maduro, militares planejam exercício na fronteira com Venezuela

As Forças Armadas escolheram a fronteira com a Venezuela para o maior exercício do ano. As manobras militares em Roraima são um recado a Nicolás Maduro, ditador que ameaçou invadir a Guiana.

O que aconteceu

A principal finalidade do exercício é avaliar um gargalo descoberto em 2023. Em dezembro daquele ano, o Exército Brasileiro enfrentou dificuldades no envio de 28 blindados para a fronteira com a Venezuela, quando havia risco de tropas venezuelanas invadirem o Brasil no caminho para dominar a Guiana.

As Forças Armadas querem testar os ajustes feitos. Os tanques demorarem mais tempo do que o estimado representa uma falha na prontidão, que é a capacidade de um Exército estar pronto para o combate. Uma máxima militar afirma que não adianta ter armas se elas não chegam ao local do conflito no momento adequado.

O exercício vai avaliar a logística brasileira e as capacidades dos blindados. Serão observadas quais estradas em direção a Roraima estão em melhores condições, a velocidade de deslocamento de carros de combate e a partir de quais cidades as tropas devem sair.

Haverá tanque saindo até do Rio Grande do Sul. A intenção é descobrir quanto tempo leva para um blindado atravessar o país.

Bandeiras do Brasil e da Venezuela na fronteira em Pacaraima (RR)
Bandeiras do Brasil e da Venezuela na fronteira em Pacaraima (RR) Imagem: Ricardo Moraes/Reuters

Aviso a Maduro

O exercício em Roraima envia um recado ao governo venezuelano. Maduro fez declarações e adotou ações expansionistas nos últimos anos.

Ele organizou um referendo que aprovou a anexação de 70% da Guiana. Uma invasão e a consequente guerra entre os dois países desestabilizariam a América do Sul e poderia resultar em imigração em massa para o Brasil e interferência americana na região.

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O conflito também colocaria em risco a soberania nacional. A melhor logística para as tropas venezuelanas chegarem à Guiana é passar pelo território brasileiro. O envio de 28 blindados em 2023 foi resposta a esta possibilidade.

As manobras militares demonstram que as Forças Armadas permanecem atentas à situação. O exercício se soma a medidas adotadas pelo governo brasileiro em 2023.

Houve um incremento de 10% no efetivo das tropas na região. O reforço foi dividido entre o Comando Militar do Norte e do Comando Militar da Amazônia. O posto de fronteira de Pacaraima (RR) também foi reforçado: o efetivo passou de 70 para 130 militares.

A presença permanente das Forças Armadas em Roraima também aumentou. Foi programada a criação de três esquadrões e um efetivo de cerca de 600 militares.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, durante pronunciamento à imprensa em Caracas
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, durante pronunciamento à imprensa em Caracas Imagem: Federico Parra/AFP

Risco de cancelamento do exercício

O exercício prevê a participação da FAB e da Marinha. O contingente não foi fechado e não houve definição dos equipamentos de guerra que serão envolvidos. A alegação é que o planejamento do exercício ainda está no rascunho.

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Mas as manobras podem não ocorrer por falta de verbas. O Congresso Nacional terminou 2024 sem aprovar o orçamento, mas as Forças Armadas antecipam uma possível escassez de recursos.

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